Flagrantes de Racismo: imagens da violência policial e as conexões entre o ativismo no Brasil e nos Estados

Autores

  • Geísa Mattos Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará

Palavras-chave:

Movimentos antirracismo, Brutalidade policial, Brasil e Estados Unidos, Imagens de violência

Resumo

O artigo aborda os movimentos contra a violência policial no Brasil e suas conexões com o movimento Black Lives Matter, que ganha força nos Estados Unidos, entre 2013 e 2016, instigado por uma série de vídeos mostrando flagrantes de abusos cometidos por policiais, gerando um debate internacional sobre racismo institucional. A autora toma por base entrevistas com ativistas brasileiros em Nova York e no Rio de Janeiro, observação participante de eventos com militantes e pesquisadores dos dois países e analisa a repercussão de três casos de negros assassinados no Brasil (Amarildo, Claudia e Alan), no mesmo período em que crescia a circulação dos vídeos mostrando brutalidades cometidas pela polícia contra afrodescendentes nos Estados Unidos. Analisa o contexto que possibilita a amplificação do que a autora chama de “linguagem de raça” na luta contra a violência policial no Brasil, e enfoca o processo de construção da negritude como questão política a partir das favelas cariocas, na segunda década do século XXI.

Referências

ABU-LUGHOD, Janet. 2007. Race, Space, and Riots in

Chicago, New York, and Los Angeles. New York: Oxford

University Press.

AMORIM, Paulo Henrique. 2015. “Chacinas nas Periferias.”

Conversa Afiada, October 12. YouTube Web site. Acessado

em 4 de março de 2016.

(https://www.youtube.com/watch?v=53rQggrAouI)

ANDREWS, George Reid. 2014. “Racial inequality in Brazil

and in the United States: 1990-2010.” Journal of Social History

(4):829-854. doi: 10.1093/jsh/shu026

ANISTIA INTERNACIONAL. 2015. Você Matou Meu Filho!:

homicídios cometidos pela Polícia Militar na Cidade do Rio de

Janeiro. Rio de Janeiro: Anistia Internacional.

ANJOS, Ana Beatriz. 2014. “Como se fosse um saco.” Revista

Forum Semanal. São Paulo: Publisher Brasil. Acesso em 13 de

julho de 2016

(http://www.revistaforum.com.br/digital/139/como-se-fosseum-saco/).

ARTIGO 19. 2016. “Uso de vídeos como prova em

julgamentos está aquém do que deveria, mostra estudo.” Artigo

, 01 de janeiro de 2016. Acesso em 16 de julho 2016.

(http://artigo19.org/blog/2016/01/14/uso-de-videos-comoprova-em-julgamentos-esta-aquem-do-que-deveria-mostraestudo/).

BAIR, Madeleine. 2015. “Caught on Camera: Police Abuse in

the US.” Witness Media Lab, September, 2015. Acesso em 12

de julho de 2016 (https://lab.witness.org/caught-on-camerapolice-abuse-in-the-u-s/).

BONILLA-SILVA, Eduardo. 2014. Racism without racists:

color-blind racism and the persistence of racial inequality in

America. New York, Toronto, Plymouth, UK: Royman &

Littlefield Publishers.

CANO, Ignacio. 2010. “Racial bias in police use of lethal force

in Brazil”. Police Practicing and Research 11(1):31-43. doi:

1080/15614260802586350

CERQUEIRA, Daniel (et. al.) Atlas da Violência 2017. Rio de

Janeiro, IPEA e Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

http://www.ipea.gov.br/portal/images/170602_atlas_da_violen

cia_2017.pdf. Acesso em 08 de junho de 2017.

CUSTÓDIO, Leonardo. 2016. Midiativismo de Favela.

Reflexões sobre o processo de pesquisa. University of

Tampere, Finland. http://www.uta.fi/cmt/index/Midiativismode-favela.pdf

DEEZIL GREEZIL. 2015. “Police Brutality on minors in

McKinney Texas.” YouTube Web site. Acesso em 12 de

novembro de 2015

(https://www.youtube.com/watch?v=tBHpNA-BQ-8)

DONATO, Mauro. 2015. “O menino que filmou sua própria

morte e desmontou uma farsa da PM do Rio”. Diário do Centro

do Mundo. Acesso em 26 de março de 2016.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-menino-quefilmou-sua-propria-morte-e-desmontou-uma-farsa-da-pm-dorio/

FERNANDES, Florestan. 1965. A Integração do Negro na

Sociedade de Classes. São Paulo: Dominus, Universidade de

São Paulo.

FREYRE, Gilberto. 2003 (48a

. edição). Casa Grande &

Senzala. Formação da família brasileira sob a economia do

regime patriarcal. São Paulo, Global.

GARCIA, Raphael Tsavkko. 2014. “The ‘Woman Who Was

Dragged’ and Killed by Brazil’s Military Police.” Global

Voices, 30 de março. Acesso em 16 de julho de 2016.

(https://globalvoices.org/2014/03/30/brazil-claudia-silvaferreira-dragged-killed-military-police/).

HERINGER, Rosana. 1995. “Introduction to the Analysis of

Racism and Anti-Racism in Brazil”. Pp. 203-207 in Racism

and Anti-Racism in World Perspective, edited by Benjamin P.

Bower. London, New Delhi: Sage Publications.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. 2012. Censo

Demográfico 2010 - Características gerais da população,

religião e pessoas com deficiência. Rio de Janeiro. Retrieved

December 11, 2015

(http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/94/cd_20

_religiao_deficiencia.pdf).

JOCENIR. 2001. Diário de um Detento. São Paulo, Labortexto

Editorial.

JOHNSON, Kevin. 2014. “Police Killings Highest in Two

Decades.” USA Today, November 11. Retrieved July 16, 2016

(http://www.usatoday.com/story/news/nation/2014/11/11/polic

e-killings-hundreds/18818663/).

KASINITZ, Philip. 1992. Caribbean New York: Black

Immigrants and the Politics of Race. Ithaca, NY: Cornell

University Press.

MISSE, Michel. 2011. Autos de resistência: uma análise dos

homicídios cometidos por policiais na cidade do Rio de

Janeiro (2001-2011). Rio de Janeiro: Núcleo de Estudos da

Cidadania, Conflito e Violência Urbana/Universidade Federal

do Rio de Janeiro.

NASCIMENTO, Abdias do. 1980. “Quilombolismo: An AfroBrazilian

Political Alternative”. Journal of Black Studies –

Afro-Brazilian Experience and Proposals for Social Change.

(2):141-178.

NASCIMENTO, Abdias do. 1989. Brazil, mixture or

massacre? Essays on genocide of a black people. Dover, MA:

Majority Press.

NERI, Priscila. 2015. “Dispatch from Brazil: if Killed by

Police Guilty by Default Unless there is a video”. Witness

Media Lab, September, 2015. Acessado em Julho, 2016

(https://lab.witness.org/dispatch-from-brazil-if-killed-bypolice-guilty-by-default-unless-theres-video/).

PINHEIRO, Paulo Sergio. 1997. “Violência, crime e sistemas

policiais em países de novas democracias.” Tempo Social 9(1):43-52.

dx.doi.org/10.1590/S0103-20701997000100003

RIO CONSCIENTE. 2015. “Jovem que Foi Morto Pela Polícia no

Palmeirinha Gravou a Própria Morte.” YouTube Web site.

Retrieved July 16, 2016.

(https://www.youtube.com/watch?v=Mm5E0zuZemE).

SKIDMORE, Thomas E. 1992. “EUA bi-racial vs. Brasil

multirracial: o contraste ainda é válido?” Novos Estudos 34:49-62.

SKIDMORE, Thomas E. 2003. “Racial Mixture and Affirmative

Action: the cases of Brazil and United States.” American

Historical Review 108(5):1391-1396.

TELLES, Edward. 2004. Race in another America. The

significance of skin color in Brazil. Princeton and Oxford:

Princeton University Press.

THINK OLGA. 2014. “100 Vezes Claudia.” Retrieved July 16,

(http://thinkolga.com/2014/03/19/100-vezes-claudia/).

TWINE, France Winddance. 2000. Racism in a Racial

Democracy. New York, Rutgers University Press.

UNITED NATIONS HUMAN RIGHTS OFFICE OF THE

HIGH COMMISSIONER. Statement by Zeid Ra'ad Al

Hussein, United Nations High Commissioner for Human

Rights, to the Human Rights Council's 31st session. Human

Rights Council, 31st Session. Retrieved April 14, 2016

(http://www.ohchr.org/EN/NewsEvents/Pages/DisplayNews.as

px?NewsID=17200&LangID=E#sthash.njSGwNmL.dpuf).

U.S. CENSUS BUREAU. 2011. The Black Population: 2010 –

Census Briefs. September. Washington, DC: Economics

and Statistics Administration. Retrieved January 26, 2016

(http://www.census.gov/prod/cen2010/briefs/c2010br-06.pdf).

VARGAS, João H. Costa, and Jaime Amparo Alves. 2010.

“Geographies of death: an intersectional analysis of police

lethality and the racialized regimes of citizenship in São

Paulo.” Ethnic and Racial Studies 33(4):611-636.

VARGAS, João H. Costa. 2011. “The Black Diaspora as

Genocide. Brazil and the United States – a Supranational

Geography of Death and Its Alternatives.” In State of White

Supremacy. Racism, Governance, and the United States, edited

by Moon-Kie Jung, João H. Costa Vargas and Eduardo

Bonilla-Silva, 243-270. California: Stanford University Press.

VIEIRA, Rosangela M. 1995. “Black Resistance in Brazil: a

Matter of Necessity.” Pp. 227-240 in Racism and Anti-Racism

in World Perspective, edited by Benjamin P. Bower. London,

New Delhi: Sage Publications.

VIGNA, Anne. 2014. “Violência legalizada.” Pública -

Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo, December

Retrieved July 13, 2016

(http://apublica.org/2014/12/violencia-legalizada/).

VINER, Katharine, Lee Glendinning and Matt Sullivan. “The

Counted. People Killed by Police in the US”. 2015. The

Guardian. Retrieved July 16, 2016

(http://www.theguardian.com/us-news/nginteractive/2015/jun/01/the-counted-police-killings-usdatabase).

WAGLEY, Charles. 1971. Introdution to Brazil. New York:

Columbia University Press.

WAISELFISZ, Julio Jacobo. 2012. Mapa da Violência 2012. A

cor dos homicídios no Brasil. Rio de Janeiro: CEBELA,

FLACSO; Brasília: SEPPIR/PR.

WAISELFISZ, Julio Jacobo. 2013. Homicídios e Juventude no

Brasil. Mapa da Violência 2013. Brasília: Secretaria Geral da

Presidência da República.

WAISELFISZ, Julio Jacobo. 2014. Mapa da Violência 2014.

Os jovens do Brasil. Brasília: FLACSO.

WHO - World Health Organization. 2015. Violence

prevention. Retrieved April 9, 2015

(http://gamapserver.who.int/gho/interactive_charts/violence_pr

evention/homicides/atlas.html).

YOUSSEF, Alê. 2014. “O Haiti de Gil e Caetano nunca sai de

nossas cabeças.” Trip Magazine, April 11. São Paulo.

Retrieved July 13, 2016.

(http://revistatrip.uol.com.br/trip/retrato-de-um-pais-doente).

Zeni, Bruno. “O negro drama do rap: entre a lei do cão e a lei

da selva”. Estudos Avançados 18 (50), 2004.

Downloads

Publicado

2017-06-29

Como Citar

Mattos, G. (2017). Flagrantes de Racismo: imagens da violência policial e as conexões entre o ativismo no Brasil e nos Estados. Revista De Ciências Sociais, 48(2), 185–217. Recuperado de http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/19498