As Relações entre Jovens Infratores e a Polícia sob a Ótica das Lógicas Penais, Policiais e Territoriais

Autores

  • Géraldine Bugnon Centre Romand de Recherche en Criminologie (CRRC) da Universidade de Neuchâtel Bâtiment
  • Dominique Duprez Centre de Recherches Sociologiques sur le Droit et les Institutions Pénales (CESDIP), Universidade de Versailles Saint-Quentin-en-Yvelines

Palavras-chave:

Polícia, Delinquência Juvenil, Brasil, Corrupção, Violência, Territórios

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar interações entre policiais e jovens menores de idade envolvidos em atividades delinquentes em duas grandes metrópoles brasileiras (Belo Horizonte e Rio de Janeiro), a partir das narrativas produzidas por estes durante entrevistas biográficas. Três dimensões se revelaram pertinentes para compreender as experiências narradas pelos jovens entrevistados: o status do jovem (idade, sexo, grau de envolvimento na delinquência), o funcionamento da polícia brasileira (principalmente relativo a práticas extralegais) e as lógicas territoriais (favela versus centro da cidade). Nossos resultados permitem redefinir a maneira como essas lógicas estruturantes (normas legais referentes à justiça juvenil, organização do tráfico de drogas, prioridades da intervenção policial) se combinam e produzem efeitos complexos nas relações entre jovens e policiais.

Biografia do Autor

Géraldine Bugnon, Centre Romand de Recherche en Criminologie (CRRC) da Universidade de Neuchâtel Bâtiment

Doutora em sociologia pela Universidade de Genebra e pela Universidade de Lille 1. Realiza um pós-doutorado no CRRC (Centre Romand de Recherche en Criminologie), Universidade de Neuchâtel Bâtiment.

Dominique Duprez, Centre de Recherches Sociologiques sur le Droit et les Institutions Pénales (CESDIP), Universidade de Versailles Saint-Quentin-en-Yvelines

Doutor em sociologia e diretor de pesquisa CNRS no CESDIP (Centre de Recherches Sociologiques sur le Droit et les Institutions Pénales), Universidade de Versailles Saint-Quentin-en-Yvelines.

Referências

ADORNO S., 2005. Le monopole étatique de la violence: le Brésilface à l ́héritage occidental, Cultures & Conflits, 59, 149-174.

BARROS L., 2009. O paisano, a política e a “comunidade”: a polícia na encruzilhada, Revista brasileira de segurança pública, 5, 160-185.

BEATO FILHO C., REIS, I., 2001. Inequality, socioeconomic development and crime, inInequality and Poverty in Brazil. Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 385-403.

BERTAUX, D., 1997. Les récits de vie. Perspective ethnosociologique. Paris: Nathan.

BUGNON G., DUPREZ D., 2010. Olhares cruzados sobre e atendimento institucional aos adolescentes infratores no Brasil. Dilemas,7, 143-179.

BUGNON G., 2011, Le constat médical peut-il mettre à l’épreuve les frontières de la force policière légitime ?, Déviance et Société,35, 113-136.

CALDEIRA T., 1991. Direitos humanos ou Privilégios de bandidos. Novos Estudos 30 [http://pt.scribd.com/doc/15508554/20080624-Direitos-Hu-manos-Ou-Privilegios-de-Bandidos].

CALDEIRA T., 2000. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: EDUSP.

CANO I. (coord.), 2012. “Os donos do morro”: uma avaliação exploratória do impacto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPS) no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

DE SOUZA E., SILVA J., 2006. Caminhada de crianças, adolescentes e jovens na rede do tráfico de drogas no varejo do Rio de Janeiro, 2004-2006. Rio de Janeiro: Observatório de favelas.

DE SOUZA E., MILLER J., 2012. Homicide in the Brazilian Favela: Does opportunity make the Killer?, British Journal of Criminology,52, 4, 786-807.

DOWDNEY L., 2003. Crianças do tráfico: um estudo de caso de crianças em violência armada organizada no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Viveiros de Castro Editora Ltda.

DUBET F.,1987. La galère: jeunes en survie. Paris: Fayard.

DUBET F., 1994. La sociologie de l’expérience. Paris: Éditions du Seuil.

DUPREZ D., 2012. Comment parlent-elles de la violence? Récits de jeunes filles brésiliennes engagées dans des activités criminelles, in CARDI C., PRUVOST G. (dir.), Penser la violence des femmes. Paris: La Découverte, 257-272.

DUPREZ D., KOKOREFF M., 2000. Les mondes de la drogue: usages et trafics dans les quartiers. Paris: Odile Jacob.

GRILLO C., 2008, O “morro” e a “pista”: um estudo comparado de dinâmicas do comércio ilegal de drogas. Dilemas, 1, 127-148.

HUGUET, C., 2005. Adolescentes pobres e o tráfico de drogas em favelas do Rio de Janeiro: aproximação sociológica e psicanalítica ao problema. Thèse de doctorat en sciences sociales, Rio de Janeiro, ENSP-FIOCRUZ.

JOBARD F., 2002. Bavures policières? La force publique et ses usages. Paris: La Découverte.

MACHADO DA SILVA, L A., 2004. Sociabilidade violenta: por uma interpretação da criminalidade contemporânea no Brasil urbano. Sociedade e Estado,19, 1, 53-84.

MACHADO DA SILVA L.A., LEITE M., 2007. Violência, crime e Polícia: o que os favelados dizem quando falam desses temas?. Sociedade e Estado, 22, 3, 545-591.

MALAGUTI BASTISTA V., 2007. Filicídio: a questão criminal no Brasil contemporâneo, in Direitos humanos. Violência e pobreza na América Latina contemporânea. Rio de Janeiro: Letra e imagem, Silene de Moraes Freire.

MISSE M., 1999. Malandros, marginais e vagabundos. A acumulação social da violência no Rio de Janeiro. Thèse de doctorat en sociologie, Rio de Janeiro, IUPERJ.

MISSE M. (organizador), 2010. O inquérito policial no Brasil: uma pesquisa empírica. Rio de Janeiro: Booklink.

MISSE M., 2013. Quando a policia mata. Homicídios por “autos de resis-tência” no Rio de Janeiro(2001-2011). Rio de Janeiro: Booklink/Necvu.

MOREAU DE BELLAING C., 2009. Violences illégitimes et publicitéde l’action policière. Politix,87, 3, 119-141.

PAES V., 2011. Quand la police fait le crime. Une analyse sociologique du cas brésilien, La Vie des idées [http://www.laviedesidees.fr/Quand-la--police-fait-le-crime.html].

PAES V., 2013. Crimes, procedimentos e números. Estudo sociológico sobre a gestão dos crimes na França e no Brasil. Rio de Janeiro: Garamond.

PINHEIRO P. S., 1997. Violência, crime e sistemas policiais em países de novas democracias. Tempo Social,9, 1, 43-52.

RAMOS S., MUSUMECI L., AMAR P., PAIXÃO M., 2005. Elemento suspeito: abordagem policial e discriminação na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

RODRIGUEZ A., 2011, Labirintos do tráfico : vidas, práticas e intervenções. Em busca de saídas possíveis, Thèse de doctorat en psychologie, Rio de Janeiro, UFRJ.

SILVEIRA A., 2007. Homicide prevention: Assessment of the Stay Alive Program in the Morro das Pedras Favela in Belo Horizonte. PhD Thesis, Belo Horizonte, UFMG.

SOARES GONCALVES R., 2010. Les favelas de Rio de Janeiro, histoire et droit, XIXe et XXesiècles. Paris: L’Harmattan.

SOUZA K. O. J. de, 2009. A pouca visibilidade da mulher brasileira no tráfico de drogas. Psicologia em Estudo,14, 649-657. UNDOC, 2009. International Homicide Statistics, Vienna, UNDOC [www.unodoc.org/unodc/en/data-and-analysis/ihs.html].

VALLADARES L., 2006. La favela d’un siècle à l’autre:Mythe d’origine, discours scientifiques et représentations virtuelles. Paris: Les Éditions de la MSH.

WACQUANT L., 2003. Toward a dictatorship over the poor? Notes on the penalization of poverty in Brazil. Punishment & Society,5, 2, 197-205.WAISELFISZ J., 2004. Mapa da violência IV: os jovens do Brasil, Mapa da violência IV: os jovens do Brasil.

WAISELFISZ, J., 2010. Mapa da Violência 2010. Anatomia dos homicídios no Brasil. São Paulo: Instituto Sangari.

ZALUAR A., CONCEIÇÃO I., 2007. Favelas sob o controle das milícias no Rio de Janeiro. Que paz?. São Paulo em Perspectiva, 21, 2, 89-101.

ZILLI L.F., VARGAS J., 2013. O trabalho da polícia investigativa face aos homicídios de jovens em Belo Horizonte. Ciência & Saúde Coletiva, 18, 3, 621-632.

Downloads

Publicado

2016-01-21

Como Citar

Bugnon, G., & Duprez, D. (2016). As Relações entre Jovens Infratores e a Polícia sob a Ótica das Lógicas Penais, Policiais e Territoriais. Revista De Ciências Sociais, 46(1), 165–198. Recuperado de http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/2429