Os “Estabelecidos e os Outsiders” da Sulanca no Agreste Pernambucano

Autores

  • Annahid Burnett Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Palavras-chave:

Sulanca, Agreste, Santa Cruz do Capibaribe, Estabelecidos, Outsiders

Resumo

Este artigo propõe um estudo sobre o processo “nós” e “eles”, tendo como lócus a Feira da Sulanca, dentro do enfoque pós-moderno de Norbert Elias e John L. Scotson, Estabelecidos e outsiders (1965). O desenvolvimento do fenômeno produtivo/comercial Sulanca fez surgir uma elite formada pelos pioneiros nativos de Santa Cruz do Capibaribe, os estabelecidos, a qual reproduz esse discurso do “nós” e “eles” em relação aos forasteiros que vieram se inserir na economia da sulanca, os outsiders. Essa elite formou uma “pequena burguesia” sulanqueira de origem rural, que “modernizou” e privatizou a feira, mantendo, dessa forma, o controle econômico e político da região. Como metodologia, utilizamos, principalmente, recursos da antropologia social e da história oral de vida desses protagonistas da sulanca.

Biografia do Autor

Annahid Burnett, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Doutorado em Ciências Sociais e Mestrado em Sociologia pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), estado da Paraíba. Pesquisadora do grupo de pesquisa Trabalho, Desenvolvimento e Políticas Públicas, UFCG/CNPq. Tradutora do livro Sociologia Ambiental, do professor John Hannigan, da Universidade de Toronto, publicado pela Editora Vozes.

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Publicado

2016-01-21

Como Citar

Burnett, A. (2016). Os “Estabelecidos e os Outsiders” da Sulanca no Agreste Pernambucano. Revista De Ciências Sociais, 46(1), 199–220. Recuperado de http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/2430