E o debate sobre a dialética continua
DOI:
https://doi.org/10.36517/rcs.v20i1/2.44182Resumo
Constitui, por certo, fato reconfortante que uma obra deste porte tenha saído das mirradas lavras desta "merdinha ensolarada", que era como definia Fortaleza o saudoso contista Juarez Barroso, em carta ao poeta José Maia. Isso me traz à mente nosso arraigado sentimento de inferioridade, que é o simétrico da síndrome de Herodes, como costumo caracterizar a atitude dominante no seio da tradição letrada do sudeste do país em relação ao nós. Antes que alguém se pergunte pelo sentido dessa síndrome, eu a explico sumariamente a modo de apólogo: narra a tradição que Herodes, temeroso com os rumores de que nascera uma criança destinada a se tornar rei dos Judeus, manda vir à sua presença os Magos que por ali passavam em demanda do referido menino e lhes interroga sobre o seu paradeiro; ao ouvir deles a informação de que o Messias nascera em Belém, minúscula aldeia da Palestina, ele teria reagido com este comentário desprimoroso: "Por ventura , algo de bom pode vir de Belém!?". Com ou sem tal síndrome, o fato é que aí está este fruto que retoma a tradição de reflexão ousada que este pedaço do semiárido sempre soube fecundar e fazer prosperar...