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Abstract

A episteme moderna foi descrita por Michel Foucault em As palavras e as coisas (1966). Seis anos antes, Gilbert Simondon havia proposto uma "axiomática das ciências humanas" que antecipa não só a famosa "morte do homem", mas também tópicos centrais do panorama epistêmico contemporâneo. Para Simondon, essa nova "axiomática": a) põe em contato a filosofia e as ciências contemporâneas em função de suas descobertas mútuas ainda inexploradas; b) situa a técnica, e dentro dela a informação, no centro da interrogação filosófica; c) desativa as distinções entre o individual e o coletivo para pensar a realidade social e humana; d) converte o devir no problema central da reflexão. Neste trabalho serão colocados em diálogo Simondon e Foucault seguindo as interpretações de Gilles Deleuze e do filósofo argentino Elías Palti em seu ensaio sobre a constituição de uma "episteme das formas". Este exercício conceitual pretende contribuir para uma abordagem geral sobre a ordem do saber nas sociedades contemporâneas a partir da teoria simondoniana da individuação.