No entanto, a década de 1990 apresentou-se com desmontes e reformatação do Estado,
adaptando a Assistência Social à uma forma pragmática, imediatista, antipública, privatista e
de transferência de responsabilidades ao terceiro setor.
A “reforma” acabou tendo um impacto pífio em termos de aumentar a capacidade de
implementação eficiente de políticas públicas, considerando sua relação com a
política econômica e o boom da dívida pública. Houve uma forte tendência de
desresponsabilização pela política social, acompanhada do desprezo pelo padrão
constitucional de seguridade social. Ocorreu um crescimento da demanda social,
associado ao aumento do desemprego e da pobreza (Behring; Boschetti, 2009, p.
155).
Fagnani (2011) expressa que o período 1993-2002 é intitulado como Retomada das
Reformas Liberalizantes, que ocorrem sob um conjunto de estratégias macroeconômicas
entrelaçadas com a possibilidade de desenvolvimento social. No entanto, vislumbrou-se um
expressivo paradoxo nas políticas sociais, dentre elas, a assistência social.
Após as eleições, assume a presidência Luís Inácio Lula da Silva em 2003 e naquele
período a política social adere a uma sistematização de retração dos investimentos sociais. E,
para tanto, segundo Freitas (2007, p. 70), a assistência social atuou com ações direcionadas
aos que vivem à margem da extrema pobreza, no tocante a criação de programas que
permitem a erradicação da fome, sendo criado o Programa Fome Zero, em 2003, o Programa
Bolsa Família e, em 2005, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Ademais, em 2004, a partir da Conferência Nacional de Assistência Social, foi
aprovada a Política de Assistência Social (PNAS), a fim de implementar o Sistema Único de
Assistência Social (SUAS), para articular em todo o território nacional serviços de assistência
social ao ensejar universalidade nas ações através das três esferas.
Entretanto, para Belik e Del Grossi (2003), o programa criado ignora a causa fundante
da pobreza, com a transferência de rendas mínimas que não promovem a emancipação do ser
social. Também Lavinas (2005, p. 1) afirma que o “Fome Zero reúne vários programas de
espectro restrito entre a velha distribuição de cestas de alimentos”.
Nesse sentido, a assistência social no governo Lula acaba por atender aos ditames
neoliberais com desproteção social, alta seletividade do público-alvo, rigorosos critérios de
atendimento e valores de renda ínfimos.
No período de 2011 a 2016, assumiu a presidência Dilma Rousseff, a qual em relação
à Política e Assistência Social constituiu, através da Lei nº 12.435 de 6 de julho de 2011, a Lei
Orgânica da Assistência Social (LOAS), consoante o Art 2º, por objetivos: a Proteção Social,
a Vigilância Socioassistencial e a Defesa dos direitos. A Proteção Social, portanto,