Revista Em Perspectiva, Fortaleza, v. 11, e95127, p. 1-15, 2025.
ISSN 2448-0789.
Os fanzines de heavy metal de Fortaleza em
sua ruptura estética:
uma análise histórica do objeto
RESUMO
Este trabalho busca compreender de que forma e por quais
caminhos é possível analisar os jovens adeptos ao heavy metal
gênero derivado do rock da década de 1980, enquanto
desenvolvedores de modos de vida baseados em uma “ruptura
estética” (Silva, 2015, p.168). Conceitua-se, em primeiro lugar,
a ideia de estética enquanto “meio de afirmação do homem”
(Debiazi, 2015, p.7) e sua ruptura pode ser identificada nos
processos de recusa no ato de consumir os produtos
estabelecidos pela indústria cultural. Ao entender o ato do
consumo enquanto uma prática situada na última etapa do
processo de produção, lança-se cabo dos fanzines de heavy
metal da cidade de Fortaleza, no Ceará, da década de 1980
estudando o informativo alternativo fortalezense do fã clube do
nero True Metal’s Fan Club (1985) , para analisar como
essa mídia alternativa, feita com técnicas amadoras e sem
pretensão de grande circulação, pode ser útil para o estudo
historicamente situado acerca das produções das maneiras de
viver que esses jovens procuravam realizar negociando com os
produtos da indústria musical. Assim, conclui-se que os
fanzines podem ser utilizados como umas das principais
evidências históricas de que o cotidiano desses sujeitos poderia
ser lido como (re)apropriações das representações lançadas para
os próprios pela indústria. Tomando posse das tais, construíam
seu dia-a-dia se afirmando a partir do rompimento estético com
elas, dando a última palavra nesse caminho das representações
acerca daqueles que eram ligados à música heavy metal.
Palavras-chave: Fanzine. Heavy metal. Ruptura estética.
Fortalezas heavy metal fanzines in their aesthetic
rupture: a historical analysis of the object.
ABSTRACT
This study seeks to understand how and through which paths it
is possible to analyze young heavy metal enthusiasts a genre
derived from rock – in the 1980s, as developers of ways of life
based on an "aesthetic rupture" (Silva, 2015, p.168). Firstly,
the concept of aesthetics is defined as a “means of human
affirmation (Debiazi, 2015, p.7), and its rupture can be
identified in the processes of rejection in the act of consuming
products established by the culture industry. By understanding
consumption as a practice situated in the final stage of the
production process, this research examines heavy metal
fanzines from the city of Fortaleza, in the state of Ceará,
during the 1980s specifically studying the alternative
João de França Quixadá
Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza, CE, Brasil
joaodefrancahistoria@gmail.com
www.orcid.org/0009-0009-2169-2361
ARTIGO DE ORIGINAL
Revista Em Perspectiva, Fortaleza, v. 11, e94174, p. 1-16, 2025.
ISSN 2448-0789.
newsletter of the local fan club True Metal’s Fan Club (1985)
to analyze how this alternative media, produced with
amateur techniques and without the intention of wide
circulation, can be useful for a historically grounded study of
the ways of life that these young people sought to create by
negotiating with the products of the music industry. Thus, the
conclusion is that fanzines can be used as one of the main
historical pieces of evidence that the everyday lives of these
individuals could be read as (re)appropriations of the
representations projected onto them by the industry. By taking
possession of such representations, they constructed their daily
lives by asserting themselves through an aesthetic rupture with
them, ultimately claiming the final word in the process of
representation surrounding those connected to heavy metal
music.
Keywords: Fanzine. Heavy Metal. Aesthetic rupture.
João de França Quixadá
Revista Em Perspectiva, Fortaleza, v. 11, e94174, p. 1-15, 2025. ISSN 2448-0789. DOI: 10.36517/ep.v11i.94174.2025
3
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho faz parte do esforço provindo da pesquisa de mestrado do autor, a qual
visa compreender como uma parcela da juventude da cidade de Fortaleza, no Ceará, utilizou
da música pesada do heavy metal
12
para compor uma cultura diminuta e ordinária a partir dos
meados dos anos 1980. Ao longo da pesquisa deparou-se com certas documentações que
evidenciavam que houve uma tentativa consciente de formar e de inventar um certo modo de
vida jovem
3
baseado em uma “ruptura estética (Silva, 2015, p. 168), recusando toda e
qualquer música feita, com exceção a deles. É o caso da documentação ligada ao universo
dos fanzines.
Acrescenta-se que é útil pensarmos a estética conforme ela é compreendida por
correntes de pensamento que a abordam sob a ótica das reflexões marxistas, como é o caso
daquela que entende a arte como “meio de afirmação do homem(Debiazi, 2013, p. 7). Ao
romper esteticamente com a arte ao seu redor (a MPB, a lambada, o samba, o forró, a música
new wave)
4
, essa comunidade aqui estudada não rompia com suas obras, mas também com
o que elas desejavam dizer, assim com suas formas e seus conteúdos. É preciso ter em mente
que os jovens de Fortaleza ligados ao heavy metal, a partir disso, revisavam e (re)formavam
seus valores, seus comportamentos, seus maneirismos, suas sociabilidades e,
consequentemente, seus modos de vida.
Faz-se uso de uma leitura capaz de auxiliar na observação de tudo o que há de material
nas práticas do dia-a-dia desses sujeitos, na qual não se pode atribuir a questão dos modos de
vida como algo que surge naturalmente do espírito do homem para o cotidiano. de se
pensar que todas essas revisões e (re)formulações dessas parcelas de jovens estudadas apenas
existem pela relação deles com a materialidade, isto é: “Ao produzir seus meios de vida, os
homens produzem, indiretamente, sua própria vida material(Marx; Engels, 2007, p. 87).
Os fanzines de heavy metal em Fortaleza na década de 1980, nesse sentido, são
misteres para entendermos como o meio de vida dos jovens adeptos à música pesada era
traduzido nas suas vidas materiais. Os próprios poderiam ser entendidos
5
como “revista[s]
1
Gênero derivado do rock, caracterizando-se pela agressividade sonora por meio das letras e dos instrumentais.
Tendo base de consumo, principalmente, nos EUA e no Reino Unido, tomou popularidade no Brasil ao início
durante a década de 1980 (Silva, 2015).
2
É por conta da agressividade sonora atribuída ao gênero que este trabalho adota, como sinônimo de heavy
metal, o termo “música pesada”.
3
A ideia de “modo(s) de vida(s)” será trabalhada mais adiante.
4
Estilos musicais de forte circulação no meio social fortalezense dos anos 1980.
5
Exclusivamente no caso dos fanzines ligados ao heavy metal. Ver: Nascimento, José Eduardo Oliveira (2021).
Os fanzines de heavy metal de Fortaleza em sua ruptura estética
Revista Em Perspectiva, Fortaleza, v. 11, e92780, p. 1-21, 2025. ISSN 2448-0789. DOI: 10.36517/ep.v11i.92780.2025
4
alternativa[s](Nascimento, 2021, p. 151), que sem muito critério editorial, eram produzidas
de forma amadora e artesanal “a partir de colagens, recortes e desenhos, com uma escrita
manuscrita ou datilografada, com reprodução a partir do uso do mimeógrafo ou da xérox
(Castelo Branco, 2015, p. 741). Essas técnicas, dentro dos fanzines de heavy metal,
significavam a burla que os fanzineiros
6
efetivavam em cima das revistas de grande circulação
que tratavam do universo do rock.
Isso porque essas colagens, recortes e desenhos são realocações de peças imagéticas e
textuais (que compõem efetivamente a linguagem dos fanzines de heavy metal) que passam a
circular não mais em um universo da indústria, mas sim dentro de uma lógica sub-reptícia da
outra fase do ato de consumir.
É necessário entender o consumo enquanto ato, enquanto prática. O fanzine, então, é
uma forma de identificarmos como esses sujeitos do heavy metal, na qualidade de
consumidores desse produto, faziam efetivamente com ele
7
.
Dessa maneira, a ruptura estética que tentamos discutir, nasce da capacidade dos
fanzines de serem representantes dessas ações de jovens que (re)significavam seu viver a
partir de uma transformação material daquilo que consumiam.
2 FANZINES COMO PARTE DA PRODUÇÃO DOS MODOS DE VIDA DO HEAVY
METAL
Procura-se entender os jovens adeptos ao heavy metal em Fortaleza nos anos 1980 a
partir da concepção de produção da própria vida (Marx; Engels, 2007, p. 34). Essa produção
pode ser encarada enquanto uma transformação da vida material desses sujeitos, entretanto,
essa transformação ocorria nas maneiras de viver, ou melhor, nas formas de facear a relação
material do dia-a-dia e, para isso, é mister não desconsiderar os lugares sociais dos tais. Nesse
viés, é lógico considerar que os seus espaços na cidade e as construções das sociabilidades
8
por esses jovens nela estavam diretamente ligados à reflexão acerca do lugar que essas
parcelas das juventudes estavam no processo da produção.
Todavia, em uma inspeção mais cuidadosa, ao mesmo tempo que é basilar estudar a
que classe pertenciam esses jovens do heavy metal de Fortaleza, é vital compreender de que
6
Título atribuído aos produtores de fanzines.
7
Para entender a prática do consumo, ver: Certeau, 2012, p. 39.
8
É útil, aqui, pensar sociabilidade como Baechler (1995, p. 65): aquela [...] capacidade humana de estabelecer
redes, através das quais as unidades de atividades, individuais ou coletivas, fazem circular as informações que
exprimem seus interesses, gostos, paixões, opiniões [...]”.
João de França Quixadá
Revista Em Perspectiva, Fortaleza, v. 11, e94174, p. 1-15, 2025. ISSN 2448-0789. DOI: 10.36517/ep.v11i.94174.2025
5
maneira se desejou formar por eles, neste caso específico, uma cultura a qual seus praticantes
se viam à parte da configuração social em que estavam inseridos, fazendo com que as suas as
práticas materiais não necessariamente revelassem a posição de cada sujeito nas relações de
intercâmbio.
True Metal’s Fan Club foi um clube de heavy metal de Fortaleza, Ceará, fundado
por Joaquim Lucas Júnior e Francisco Jander Martins, que existiu entre os anos de 1984 e de
1985, tendo uma singela sede na rua Aquiles Beviláqua, 78. Um lugar como esse existia no
circuito da música pesada da cidade como centro de trocas de materiais (fitas, discos,
patches...) e de correspondências, assim como assinavam os fanzines
9
. Este último item será
essencial para se compreender as questões supracitadas da introdução deste trabalho, já que se
mostra fonte para estudar uma outra relação desses sujeitos com a vida material.
O primeiro fanzine do grupo, com data de julho/agosto de 1985, homônimo ao
clube, explica seu nome logo no seu editorial
10
:
A razão do nosso nome explica-se pelo fato de estar havendo uma invasão de
bandas pseudo-metálicas em nossa dimensão. Como sabemos, nós vivemos
num planeta eminentemente capitalista, onde o dinheiro é o objetivo maior da
vida. Por isso, nem o nosso universo particular foi respeitado pela ganância
de algumas gravadoras, que patrocinam grupos com os mesmos ideais
lucrativos e vêem no HEAVY METAL apenas um comércio vulgar e não
uma bandeira a ser levantada (True Metal’s Fan Club, Informativo 1, ano
1, 1985).
O trecho evidencia uma curiosa recusa dos editores em se identificar com a música de
bandas populares, as quais eram encaradas enquanto financiadas por grandes gravadoras e
visavam somente o lucro com a sua música. O capitalismo, por conta disso, era tratado como
um sistema inimigo para eles, pois “corrompe” o tal heavy metal e o joga no mundo do
capital. O clube do verdadeiro metal (True Metal’s Fan Club) considerava as bandas
populares do rock e do heavy metal como “pseudo-metálicas”. É interessante pensar que o
heavy metal sempre foi vinculado ao seu envolvimento com a indústria musical (Friedlander,
2002, p.382), ou melhor, em um dos seus lugares de maior propagação, os Estados Unidos da
América, uma das discussões, no seu auge os meados da década de 1980 , era justamente
sobre se esse gênero de música poderia ser produzido industrialmente e direcionado aos
9
As informações acerca do True Metal’s Fan Club se deram pela leitura dos fanzines publicados pelo próprio,
adquiridos pelo autor a partir de coleções particulares durante o período de pesquisa de campo da sua
dissertação, e pela entrevista a um dos editores do fanzine e dono da residência que se fazia sede, Joaquim Lucas
Júnior, em 20 de maio de 2024.
10
Mesmo sendo uma revista alternativa, sua organização se baseava em revistas e em periódicos formais que
circulavam em Fortaleza naquela época, como a revista argentina Metal (1984-1995), a revista para audiófilos
Somtrês (1979-1989) e o fanzine Rock Brigade (1982-) que existiu como clube a partir de 1981 no estado de
São Paulo, porém, à época do documento que estudamos aqui, existia como revista formal e periódica.
Os fanzines de heavy metal de Fortaleza em sua ruptura estética
Revista Em Perspectiva, Fortaleza, v. 11, e92780, p. 1-21, 2025. ISSN 2448-0789. DOI: 10.36517/ep.v11i.92780.2025
6
jovens ou não
1112
. Assim, é possível perceber que o heavy metal se fundamenta na sua relação
com a indústria musical e que tem sua propagação, nesse raciocínio, porque vira produto para
o capital.
Um jornal de grande circulação, Diário do Nordeste, em Fortaleza, Ceará, apontava
em 1987, dois anos depois do lançamento do fanzine a seguinte contradição ao falar sobre os
jovens ligados ao movimento da música pesada na cidade:
de se fazer uma distinção entre o verdadeiro-metal e o falso-metal. O
verdadeiro não tem ligações com a indústria fonográfica (e o Iron Maiden?)
nem faz amplo markenting do seu trabalho. Geralmente tocam para uma
pequena legião de fãs e divulgam seu trabalho em boca em boca (Diário do
Nordeste, 16 de fevereiro de 1987, Segundo Caderno, Variedades, p. 7)
(Grifo nosso).
É notável, portanto, que essa discussão existia, perdurava e era contemporânea aos
sentimentos apontados pelos editores da True Metal’s Fan Club. Também de se notar que
essa distinção feita pelo jornal partia de uma noção dos próprios jovens do heavy metal, já que
questionam sobre os britânicos do conjunto Iron Maiden. Banda esta que mesmo tendo um
início com composições subversivas, ironizando agressivamente figuras como a primeira
ministra Margaret Thatcher, logo se tornou um dos grupos mais frequentemente escutados do
gênero e publicados ao redor do mundo, ao lado de bandas do movimento que se
convencionou a chamar de New Wave of British Heavy Metal (NWBHM)
13
.
Apontada essa contradição no discurso do editorial, é útil analisar como ela se forma a
partir do próprio fanzine.
Apesar de grandes e respeitáveis Grupos terem seus discos aqui, o nosso
explorado País assiste, infelizmente, a uma invasão desenfreada de discos de
grupelhos enquadrados no esquema citado acima. (...). Enquanto isso, grupos
verdadeiramente autênticos e aclamados pelos Bangers ‘lá de fora’,
continuam desconhecidos por uma boa parte de nós, salvo por àqueles em
condições de pagar uma alta grana por discos importados ou que podem
conseguir gravações dos referidos plays (True Metal’s Fan Club,
Informativo N°01, ano 1, 1985) (Grifo nosso).
É perceptível que havia uma insatisfação acerca do acesso aos materiais. Podemos
deduzir, a partir das questões postas em voga pelo fanzine em sua época, que as bandas
11
Essa reflexão é provinda das investigações realizadas no documentário Metal: a headbanger's Journey de Sam
Dunn, estreado no ano de 2006 e produzido pela Momentum Pictures.
12
Em referência à tentativa do Parents Music Resource Center (PMRC), nos EUA, em 1985, de censurar a
música heavy metal no país. O gênero era acusado de ser uma espécie de “epidemia satânica entre os
adolescentes” (DUNN, 2006) e de estar associado a ideias de hedonismos, violências, ocultismos... Desse pânico
moral, bandas como Mercyful Fate (Dinamarca), AC/DC (Austrália), Twisted Sister (EUA) e Black Sabbath
(Inglaterra) foram obrigadas a lançar seus álbuns rotulados sob o selo Parental Advisory.
13
À título de exemplo: Tokyo Blade, Grim Reaper, Saxon, Def Leppard e entre outros.
João de França Quixadá
Revista Em Perspectiva, Fortaleza, v. 11, e94174, p. 1-15, 2025. ISSN 2448-0789. DOI: 10.36517/ep.v11i.94174.2025
7
populares de heavy metal, que saltavam para o circuito da música pop em geral, eram mais
distribuídas, mais fáceis de serem acessadas, que eram publicadas no Brasil. Enquanto a
música do heavy metal no seu traço “verdadeiro”, isto é, para eles, aquele com os [...] altos
decibéis, guitarras com seus riffs cortantes e solos alucinantes [...] e os vocais agressivos
True Metal’s Fan Club, Informativo N°01, ano 1, 1985), ficavam, na sua maioria restritas
aqueles que poderiam pagar mais caro no ato de importar no país de origem.
Para fazer parte do movimento dos jovens ligados ao heavy metal, de acordo com
Joaquim Lucas Júnior, antigo fundador do True Metal’s Fan Club e editor do fanzine, o
primeiro passo seria “ter material e conhecer” (Depoimento de Joaquim Lucas Júnior, 2024).
Isso implica que ainda hoje o antigo autor do fanzine pensa que a relação do jovem com o
movimento do heavy metal em Fortaleza partiria do contato que ele tem com sua produção
material. Mas se o material produzido pelas grandes indústrias era de acessibilidade limitada,
como isso funcionava nos meados dos anos 1980 na cidade?
A intencionalidade de ter “uma bandeira a ser levantada”, assim como propagar uma
“ideologia metálica” (Depoimento de Joaquim Lucas Júnior, 2024) mesmo que
aparentemente abstrata e baseada em subjetividades como agressividade, subversão, liberdade
e violência, dessas as quais poderiam e eram interpretadas de inúmeras maneiras pelos
participantes do movimento , procura conceber uma cultura jovem muito própria. Assim,
entendendo “cultura” como sendo a forma como os grupos manejam a matéria-prima da sua
existência social e material (Clarke et al., 1975, p.10), a cultura dos jovens do heavy metal
começa naquilo que eles podem ou não consumir e, consequentemente, naquilo que eles
podem ou não produzir com aquilo que consomem.
Assim, o fanzine da True Metal’s Fan Club se comportava como uma verdadeira
colcha de retalhos de toda a linguagem da música pesada que partia da indústria cultural e que
terminava em seus consumidores. Era um informativo que tinha toda a sua composição
editorial baseada em grandes revistas, mas por ser um fanzine, rompia esteticamente com ela
e se aproveitava de seus conteúdos para verdadeiramente corrompê-los e lançar voz das suas
próprias percepções. Portanto, esse fã-clube agenciava [...] crítica e criativamente as práticas
culturais cotidianas com as quais interpretam[vam] e constituem[iam] o mundo à sua volta”
(Castelo Branco, 2015, p. 746) a partir dos fanzines. Para além da função de informativo, ele
narrava as regras, os códigos, as permissões, as proibições, o legal, o ruim, o bonito e o feio,
Os fanzines de heavy metal de Fortaleza em sua ruptura estética
Revista Em Perspectiva, Fortaleza, v. 11, e92780, p. 1-21, 2025. ISSN 2448-0789. DOI: 10.36517/ep.v11i.92780.2025
8
em um sistema de linguagem que corria por “de baixo do chão” (pelo o underground
14
) da
sociedade.
Correr por de baixo do chão da sociedade quer dizer recusar o que corre no chão dela.
Essa metáfora serve para ajudar a concluir que essa “ruptura estética” dessa parcela de jovens
de Fortaleza não acontecia somente no âmbito da aparência. Incluía ela, certamente, mas a
adesão de novas roupas, de novos meios de comunicação e de, em suma, uma nova linguagem
é uma recusa e, ao mesmo tempo, uma revisão do que foi consumido por eles. No caso do
fanzine, se recusa e se revisa os jornais e as revistas como meio de comunicação principal.
Esses jovens, dessa forma, se desviavam do cotidiano comum da cidade, e esse desvio
acontecia por meio da inserção de um novo cotidiano desenvolvido por eles, propondo uma
nova forma de vida baseada em uma ruptura que procurava produzir por meio do consumo
enquanto prática eles próprios e, por que não, uma nova afirmação deles mesmos.
3 FANZINES COMO MEIO DE AFIRMAÇÃO DOS JOVENS DO HEAVY METAL
Nos meados dos anos 1980, o Brasil se via em um momento de abertura política e de
transição para uma democracia depois de mais de duas décadas sob um regime ditatorial
militar. Para as juventudes
15
não apenas de Fortaleza, mas do país , “[...] identidade atitude
e estilo então se confundiam e eram formas de afirmação social e modernidade [...]
(Napolitano, 2023, p. 127). A ascensão do neotribalismo ou das tribos urbanas, conforme
Maffesoli (1998, p. 194), como sendo uma nova forma de organização nos múltiplos
aldeamentos que se formam dentro de uma metrópole, a qual os grupos criam uma certa
autonomia de existência como corpo social dentro de um todo, permitiu a existência de uma
nova configuração cultural dos jovens: as subculturas juvenis.
Para não se distanciar da nossa discussão em torno da ruptura estética uma vez que
essa “afirmação social” (Napolitano, 2023, p. 127), se fundamenta no mesmo princípio do
“meio de afirmação do homem” (Debiazi, 2013, p. 7) discutido anteriormente , é preciso,
antes, deixar claro que essa discussão sobre as subculturas não é algo recente, mas vem
tomando outras facetas no passar das últimas décadas. Primariamente, a ideia de subculturas
nesse trabalho é baseada no estudo de Clarke et al. (1975), o qual toma como princípio a
14
Underground em Pacheco (2016) quer dizer o contrário do mainstream, este “ligado à ideia de pertencimento
à Indústria Fonográfica ou mesmo à Indústria Cultural” (PACHECO, 2016, p.11), enquanto aquele tendo relação
com uma cultura de produção autosuficiente, que não pretende retorno financeiro e que é destinado a circuitar
“por de baixo” da sociedade.
15
Categoria redefinida a partir do pós-guerra e seus integrantes não mais vistos como apenas participantes de
uma faixa-etária, mas constituidores de um novo grupo social (Napolitano, 2023, p. 7).
João de França Quixadá
Revista Em Perspectiva, Fortaleza, v. 11, e94174, p. 1-15, 2025. ISSN 2448-0789. DOI: 10.36517/ep.v11i.94174.2025
9
juventude inglesa dos anos 1950: tanto os jovens trabalhadores quanto os jovens de classe
média se organizavam por meio da indumentária, das atividades, da procura pelo lazer e dos
modos de vida, assim, eles respondiam ou solucionavam culturalmente aos problemas dados a
eles pela sua posição e experiência na sua classe social. Diferentemente dos jovens da classe
trabalhadora (“mods”, “teds”, “rockers”, “skin heads”), que eram vistos como “delinquentes”
os jovens da classe média ligados aos movimentos de contracultura (“beats”, “hippies”)
experimentavam a “desfiliação” da própria cultura formando uma contracultura, também de
grupos, também de jovens no objetivo máximo de oferecer uma crise a autoridade (Clarke et
al., 1975, p. 62) do establishment.
Marcos Napolitano (2023) ao estudar a juventude brasileira nos anos 1980, utiliza o
termo contracultura em uma abordagem mais geral, menos local, observando sua
multiplicidade, no sentido de entender o conceito como atrelado aos múltiplos movimentos de
grupos jovens depois do pós-guerra que negavam e revisavam os valores tradicionais da
antiga sociedade Ocidental
16
. As subculturas juvenis foram realidade no Brasil nos anos 1980,
inclusive a dos “metaleiros”
17
. O autor lembra que [...] mesmo a juventude ‘bem-
comportada’, que vivia sob as regras familiares e sociais, passou a abraçar algum dos estilos
dessas subculturas” (Napolitano, 2023. p. 127).
16
Nesse sentido, podemos inferir que diferentemente de Clarke et al (1975), tanto os grupos de jovens “teds”,
“mods”, “rockers” da classe trabalhadora inglesa, quanto os “hippies” de um modo geral, seriam movimentos
contraculturais para Napolitano (2023).
17
Outra expressão que designa os adeptos ao heavy metal, de tom pejorativo nos anos 1980, mas que se
popularizou após o festival de música Rock in Rio (1985), ocasião que o termo foi utilizado e divulgado pela
Rede Globo em suas reportagens (Silva, 2015, p. 162).
Os fanzines de heavy metal de Fortaleza em sua ruptura estética
Revista Em Perspectiva, Fortaleza, v. 11, e92780, p. 1-21, 2025. ISSN 2448-0789. DOI: 10.36517/ep.v11i.92780.2025
10
Figura 1 – Xérox da capa da primeira edição do fanzine informativo True Metal's Fan Club,
preto e branco, 1985.
Fonte: Acervo do autor.
Prestemos atenção à materialidade que compõe a imagem acima, voltando à primeira
edição do fanzine do True Metal’s Fan Club (1985), vemos que o arcabouço técnico que
ronda a composição da revista alternativa girava em torno de uma mistura de variadas e
diferentes técnicas, seja desenhos, seja colagens, seja a datilografia e seja os recortes de
imagens surrupiados de mídias formais da indústria cultural
18
as quais estabelecem outro
significado neste documento
19
. Conforme De Certeau (2012, p.39),
[...] a presença e a circulação de uma representação (...) não indicam de modo
algum o que ela é para seus usuários. É ainda necessário analisar a sua
manipulação pelos praticantes que não a fabricam. então é que se pode
apreciar a diferença ou semelhança entre a produção da imagem e a produção
secundária que se esconde nos processos de sua utilização.
Dessa maneira, a capa do fanzine analisado, apesar de ter sido um roubo” das
representações da indústria, em verdade, era ela mesma a representação dos sujeitos que a
constituíram depois do ato do consumo, era a partir desse processo de ruptura e apropriação
estética que eles afirmavam o que era deles e, consequentemente, o que eram eles.
18
Como é o caso da ilustração situada ao meio do documento.
19
Na figura 1, os sujeitos vistos na capa do fanzine pertencem ao conjunto estadunidense Metallica.
João de França Quixadá
Revista Em Perspectiva, Fortaleza, v. 11, e94174, p. 1-15, 2025. ISSN 2448-0789. DOI: 10.36517/ep.v11i.94174.2025
11
Além disso, a escrita datilografada sem critério ortográfico que se encontra na
linguagem escrita dos fanzines, como também a numeração de ginas manuscrita e a
distribuição da edição a partir das xérox em preto e branco, nos evidencia uma tentativa de
barateamento tanto na produção, quanto nas vendas
20
. Isso nos revela que os fanzines, para
essa parcela de jovens de Fortaleza, tinham um sentido de ser um “elo de ligação de fãs de
Heavy Metal” e essa troca de informações acontecia não no circuito local, mas era
direcionada para outras cidades do país (Silva, 2015, p. 143) por meio de trocas no correio.
Assim, o barateamento da produção não estava ligado estritamente a condição social dos
fanzineiros
21
, estava, entretanto, ligado a uma lógica tácita de grupo, em que todos pudessem
estar inseridos nesse intercâmbio.
Em uma cultura que tem como um dos pilares “ter material e conhecer” (Depoimento
de Joaquim Lucas Júnior, 2024), e em que discos importados e videoclipes na televisão ainda
não faziam parte do referencial material em que a maioria desses jovens que tinham no heavy
metal, em Fortaleza, a sua identificação, os fanzines podem ser indícios de uma desfiliação,
não no sentido da desfiliação dos jovens da contracultura, como afirma Clarke et al. (1975),
baseada no abandono total dos antigos costumes tradicionais do Ocidente, mas no sentido,
ainda fundamentado nesses autores, de uma recusa a essa cultura tradicional ligada à indústria
cultural por aqueles que podem fazer uso dela.
Esse uso era realizado no ato de consumir, que era transformado no ato de produzir. A
ruptura estética dos fanzines de heavy metal enquanto meio de afirmação de si se dava nesse
processo de burla, na criação de um imaginário produzido sub-repticiamente por meio do uso
de um imaginário construído industrialmente.
20
É importante frisar que a reflexão acerca do “barateamento da produção” dos fanzines nasce da própria
concepção do gênero. Como nos elucida Castelo Branco (2015, p.745) “Algo assim tal como panfletos mais
elaborados, os fanzines eram originalmente manuscritos ou datilografados e copiados para distribuição gratuita
ou a valores de custo, dentro de um circuito razoavelmente fechado e voltado para um público específico e
segmentado”. Os informativos alternativos produzidos pelo clube True Metal’s estavam inseridos nesta
realidade. Inclusive, ainda no ano de 1985, os editores do fanzine informaram na sua segunda edição que não
seria possível continuar “editando os informativos”, uma vez que “discutimos todas as dívidas e chegamos a
conclusão que, financeiramente, não temos a mínima condição de levar adiante esse peso (...)”, sendo apenas
possível fazê-lo aumentando o preço do fanzine. Esse ato era encarado como “assaltar os HEADBANGERS”
(True Metal’s Fan Club, Informativo N°02, ano 1, 1985), optando por não o realizar. Essas considerações
servem também para nos informar acerca da efemeridade de um gênero que desafia as gicas de produção no
capitalismo ao não visar, necessariamente, o lucro.
21
Joaquim Lucas Júnior (2024) lembra: “já o número dois, com certa experiência, nós nos dirigimos ao trabalho
do Jander (...), cujo o pai é auditor da Receita Federal. Então o número dois, e último, foi datilografado no prédio
da Receita Federal de Fortaleza”. Não o depoente, o citado Francisco Jander Martins também, pertenciam à
classe média da cidade.
Os fanzines de heavy metal de Fortaleza em sua ruptura estética
Revista Em Perspectiva, Fortaleza, v. 11, e92780, p. 1-21, 2025. ISSN 2448-0789. DOI: 10.36517/ep.v11i.92780.2025
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4 CONCLUSÃO
Em primeiro lugar, o trabalho lançou uma reflexão acerca de por que caminho
podemos compreender o que foi entendido como “ruptura estéticados jovens atrelados ao
heavy metal. Para uma ponderação historicamente situada, optou-se por utilizar os fanzines
22
dos jovens ligados à música pesada da cidade de Fortaleza, enquanto meios de comunicação
alternativos destes grupos, para estudá-los afim de compreender que a relação material que
detinham com o que consumiam pode revelar, e muito, o processo de afirmação de si
próprios.
Nesse sentido, levando em consideração que o ato de consumo, neste trabalho, deve
ser considerado uma prática, detendo um estatuto de atividade e não de passividade, em
segundo lugar, tentou-se observar que a linguagem encontrada nessas mídias pequeninas
23
podia revelar uma tentativa de produção de um modo de vida a partir de negociações e de
usos dos produtos da indústria cultural e musical ligada ao gênero heavy metal.
Em terceiro lugar, considerou-se que essas representações de si próprios encontradas
nos fanzines, em verdade, poderiam ser lidas como (re)apropriações das representações
lançadas para os próprios pela indústria. Ao tomar posse de como os representavam,
materialmente construíam seu cotidiano e o fanzine vem como uma das evidências disso –,
dando a última palavra nesse caminho das representações acerca daqueles que eram ligados à
música pesada.
Vale lembrar, por fim, que o presente trabalho também se preocupou com as relações
entre lugar social (ou lugar na produção) e papel na produção dessa representação que nasce
do ato do consumo, e pôde concluir que em uma cultura, como esta dos adeptos ao heavy
metal, em que um sujeito para fazer verdadeiramente parte dela, deve “ter material e
conhecer” (Depoimento de Joaquim Lucas Júnior, 2024), aqueles que não poderiam
abundantemente estar consumindo os produtos da indústria como os discos importados, as
revistas de alto custo , estavam cotidianamente consumindo a música pesada na forma da
burla, do que era resultado deste consumo que acontecia “por baixo”. Ao qual, talvez, os
fanzines de heavy metal podem nos ser a maior evidência.
22
Enquanto objeto para a história. Entretanto, enquanto fonte para este trabalho, fora utilizado somente a
primeira edição (e a segunda edição em nota de rodapé) do informativo alternativo produzido pelos jovens do
clube de heavy metal True Metal's Fan Club de 1985.
23
A linguagem que era presente não na datilografia, mas também na maneira amadora, artesanal e burlesca
desses tipos de mídia.
João de França Quixadá
Revista Em Perspectiva, Fortaleza, v. 11, e94174, p. 1-15, 2025. ISSN 2448-0789. DOI: 10.36517/ep.v11i.94174.2025
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Informações Adicionais
Biografia
profissional
João de França Quixadá é graduado em História pela Universidade Federal do
Ceará (UFC), mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História Social
da UFC (PPGH/UFC), membro do Grupo de Pesquisa História do Crível:
Teoria, História e Ficção e bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Endereço para
correspondência
Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-Graduação em História.
Avenida da Universidade, s/n, Bairro Benfica, Fortaleza, CE Brasil. CEP:
66075900.
Financimaento
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Conflito de
interesse
Nenhum conflito de interesse foi declarado.
Contexto da
pesquisa
O artigo deriva do texto “Os fanzines de heavy metal de Fortaleza em sua
ruptura estética: uma análise histórica do objeto Fortaleza” apresentado como
trabalho final da disciplina “História Social: Abordagens e Perspectivas”,
ministrada por Meize Regina de Lucena Lucas e Kleiton de Souza Moraes, no
Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do
Ceará (PPGH/UFC), no ano de 2024.
Preprint
O artigo não é um preprint.
Disponibilidade
de dados de
pesquisa e outros
materiais
Os conteúdos subjacentes ao artigo estarão disponíveis sob demanda ao
autor após a publicação devido ao fato de serem provindos de coleções
privadas e/ou pessoais, ficando sobre controle do próprio.
Método de
avaliação
Revisão por pares anônima dupla (Double anonymous peer review).
Direitos autorais
Copyright © 2025, Quixadá, João de França.
Licença
Este é um artigo distribuído em Acesso Aberto sob os termos da Creative
Commons Atribuição 4.0 Internacional (Licença CC BY).
Histórico
editorial
Data de Submissão: 08/01/2025
Data de modificação: 20/05/2025
Data de aprovação: 18/06/2025