ESTUDO SOBRE O POLICIAMENTO COMUNITÁRIO NO CEARÁ: AVALIAÇÃO DO PROJETO RONDA PREVENÇÃO & ARTE

Resumo

No final dos anos 1990 começou a ganhar destaque no Brasil a ideia de policiamento comunitário. Essa filosofia busca uma atuação preventiva de forma a estabelecer uma relação harmônica entre o policial e o cidadão. É seguindo esta filosofia que surge, em 2013, no Ceará, o projeto Ronda Prevenção e Arte (RP&A) que tem como foco de suas ações adolescentes em idade escolar. O projeto é executado nas escolas cearenses por quatro policiais que utilizam-se de atividades artísticas para transmitir a sua mensagem de prevenção à violência e tentar prevenir a entrada dos jovens no mundo da criminalidade. O presente trabalho, fruto da disciplina “Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas I”, ministrada pelo Prof. Alcides Gussi, se propõe a avaliar o RP&A, e buscar compreender os principais entraves para sua implementação. A metodologia utilizada segue a perspectiva avaliativa de Rodrigues (2008;2011) denominada “avaliação em profundidade” baseada em três eixos analíticos: análise do conteúdo, do contexto e da trajetória institucional do projeto. Como instrumento metodológico, realizou-se levantamento bibliográfico e documental e entrevistas semiestruturadas com a equipe do projeto. Como resultados, a pesquisa evidenciou que as principais dificuldades encontradas para a execução do projeto foram: 1. A relação dos policiais com os professores e gestores das escolas; 2. Ausência de insumos básicos para a realização das atividades propostas pelo projeto; 3. Um processo de estigmatização sofrida pelos policiais dentro da corporação, onde alguns policiais ainda têm a visão de que é necessário atuar de forma repressiva com esses jovens, para assim solucionar o problema da criminalidade. Concluiu-se que a execução do RP&A encaminha para uma resposta diferenciada aos altos índices de violência entre adolescentes ao tentar, por meio da arte, orientar suas ações com a perspectiva de mostrar aos jovens que é possível uma vida que não seja subjugada à violência e à criminalidade.