ANÁLISE DO PENSAMENTO ECONÔMICO SOBRE A POBREZA

Resumo

O fenômeno da pobreza tem sido um tema assíduo em debate dentro da ciência econômica. Com efeito, desde o século XVIII é encontrado com recorrência na literatura de grandes pensadores econômicos a discussão sobre esse fenômeno sem existir, no entanto, um consenso sobre o assunto. Não obstante, as diferentes abordagens teóricas e metodológicas sobre o tema convergiram para uma visão contemporânea mais ampla desse fenômeno. O presente trabalho busca, portanto, analisar os caminhos percorridos pelo pensamento econômico sobre a pobreza. Ademais, busca-se também apresentar e avaliar as contribuições científicas que nova agenda de pesquisas em economia comportamental, mais especificamente a psicologia da pobreza, pode oferecer para uma explicação complementar dos desafios da pobreza em termos de obstáculos internos. A pobreza econômica tem sido historicamente definida como restrições no orçamento ou péssimas condições de higiene, por exemplo. A literatura econômica clássica costuma observar que os pobres respondem de forma racional às circunstâncias em que se encontram, de modo que suas decisões seriam essencialmente tomadas pelos seus próprios interesses; logo, o fenômeno da pobreza seria acarretado por fatores externos e fora do controle do indivíduo, como estruturas sociais e processos históricos. Objetivando lançar luz à discussão, a visão de multidimensionalidade da pobreza apresentada por Amartya Sen permitiu estudar esse fenômeno além da privação material ou escassez de renda. Para tal, a pobreza seria explicada em termos de privações de capacitação – como dificuldades de acesso a serviços de saúde, participação ativa na vida econômica e política, entre outros – ou pela falta de liberdades para os indivíduos realizarem escolhas. Por fim, a mais recente ótica de estudo desse fenômeno é apresentada pela economia comportamental, a qual busca oferecer uma explicação complementar dos desafios da pobreza em termos de obstáculos internos.