CAIRU E A CRISE DO EXCLUSIVISMO COLONIAL

Resumo

Na virada do século XVIII para o XIX, o exclusivismo colonial se encontrava em agonia devido à industrialização britânica, à revolução francesa e a difusão de novas ideias que ameaçavam o prestígio das instituições do Antigo Regime. A ocupação de Portugal pelos exércitos de Napoleão marca o zênite dessa crise. Com a metrópole dominada, a manutenção do sistema colonial se torna impossível e a ocasião fica propícia para a aplicação de reformas de crivo iluminista com o fito de conservar o poder do clero, da realeza e do latifúndio. Emerge nessa ocasião um círculo de pensadores liberais, dentro do qual figura José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu. No presente estágio da pesquisa, será focado a crítica de Cairu aos monopólios e ao exclusivismo colonial, quais fatores contingenciais e doutrinários influenciaram em seu posicionamento e quais correntes da crítica ilustrada(contratualistas, fisiocratas, jusnaturalistas, utilitaristas)estiveram mais presentes na sua proposição de política econômica. Tem a pesquisa por objetivo elencar nosso passado, permeado por uma esmagadora hegemonia de uma aristocracia fundiária, escravagista e autoritária, com nosso crítico presente marcado por medidas de política econômica impopulares, algumas das quais oriundas da mesma tradição intelectual de Cairu. No futuro próximo, almeja-se também o desenvolvimento de um material didático-escolar sobre a interpretação social estratificadora elaborada pelos prosélitos do liberalismo. O método usado foi o estudo dos livros de Silva Lisboa, de seus principais comentadores(Penalves Rocha, Simonsen, Sérgio Buarque, Antônio Paim, Celso Furtado, etc) e de alguns autores que influenciaram Cairu, Locke, Adam Smith, Franklin e Quesnay. As conclusões que podem ser mantidas até agora apontam para a obra de Cairu como um construto eclético e, diferente da apreciação furtadiana, não um simples repetidor do Laissez Faire