CINE DESCOBERTA: LUTA E RESISTÊNCIA INDÍGENA NA AMÉRICA LATINA

Resumo

Este artigo apresenta uma leitura semiótica dos materiais utilizados e produzidos no Projeto de Extensão Cine Descoberta da Universidade Federal do Ceará. Este projeto surgiu após o processo de ocupação da UFC, principalmente para suprir à demanda pela continuidade do debate entre estudantes latino-americanos. Além de contribuir para a divulgação de pesquisas e produções audiovisuais, sobretudo aquelas produzidas por pesquisadores e cineastas indígenas, contribui divulgando materiais de pesquisa e produções próprias desenvolvidas pelos bolsistas. A utilização de recursos audiovisuais, pelos movimentos indígenas, faz parte do enfrentamento das diversas ofensivas contra a permanência de suas práticas, culturas, línguas e cosmovisão. O Cine Descoberta confere, dentro da Universidade, nova visibilidade ao tema dos povos originários e estabelece uma conexão entre pesquisas e produções audiovisuais já desenvolvidas, estudo e debate acerca dos povos originários, buscando refletir sobre autorrepresentação, uma noção constantemente evocada pelos agentes como uma das maneiras de se construir outro discurso sobre o indígena. Para a presente pesquisa, serão considerados os 5 primeiros encontros do Cine Descoberta, nos quais foram exibidos documentários dos seguintes países: Brasil, Chile, Argentina, Peru e Bolívia. Além dos documentários, ao final de cada encontro foi produzido um relatório do debate por um dos membros da equipe do projeto que também será usado como corpus. Nos documentários, podemos observar pautas e bandeiras semelhantes que são levantadas independentemente do país, povo ou nação indígena. A luta e resistência contra as opressões e a sua internacionalização por meio do audiovisual é recorrente em todos os filmes apresentados. Tomando como base os conceitos de semiótica do discurso de Fiorin e os textos de Marx e Kopenawa, busco encontrar o elo semântico-discursivos que une a luta e resistência indígena da América Latina.