ESTUDO DO CURSO CLÍNICO DA INFECÇÃO CAUSADA POR CEPA DE LEISHMANIA BRAZILIENSIS RESISTENTE AO ANTIMÔNIO EM CAMUNDONGOS BALB/C.

Resumo

Cepa de Leishmania resistente ao antimônio tem sido relatada como apresentando maior virulência, o que contribui para a gravidade da doença. O objetivo deste trabalho foi avaliar o curso clínico da infecção causada por L. braziliensis resistente ao antimônio (Glucantime) em camundongos BALB/c. Os animais (n=64) foram infectados por via intradérmica na orelha direita, 10e7 promastigotas (20µL) e após o aparecimento das lesões (5a sem), foram divididos em três grupos (16 animais/grupo): Controle não tratado; Glucantime (100mg/kg/dia, I.M); e CXCL10 (100ng/10uL, I.M.). Os animais foram tratados por 7 dias, acompanhados com medidas semanais das lesões e eutanasiados na 1ª e 3ª semanas pós-tratamento (s.p.t.) para a avaliação da carga parasitária (lesões). Também foi avaliada a resposta inflamatória induzida pela cepa de L. braziliensis resistente ao antimônio comparada a uma sensível, utilizado o modelo da bolsa de ar subcutânea. Os resultados mostraram que, os animais tratados com Glucantime apresentaram curso clínico semelhante ao Controle, com lesões maiores e que regrediram a partir da 3a. s.p.t. (Glu=0,56±0,12; Controle=0,63±0,12), assim como carga parasitária maior, comparado com CXCL10, que induziu lesões menores (0,35±0,07; p<0,05), que regrediram a partir da 2a. s.p.t. e carga parasitária menor. Observou-se ainda que, no exsudato da bolsa de ar subcutânea, a cepa resistente induziu recrutamento leucocitário inferior à cepa susceptível, com maior número de neutrófilos e menor número de macrófagos e linfócitos. Em conclusão, a cepa de L. braziliensis resistente induz pouco infiltrado inflamatório, curso clínico mais longo, sugerindo uma resposta do hospedeiro mais branda que pode favorecer sua sobrevivência e dificultar o tratamento.