VALIDAÇÃO DA VERSÃO BRASILEIRA DO WORLD HEALTH ORGANIZATION DISABILITY ASSESSMENT SCHEDULE (WHODAS 2.0) EM INDIVÍDUOS COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Resumo

A DPOC provoca dispneia, hiperinsuflação pulmonar, fadiga muscular e insuficiência respiratória oriundas da limitação crônica ao fluxo aéreo. Ela pode afetar a funcionalidade sobrepondo subjetivamente os efeitos dos sintomas físicos. Além disso, tem alta prevalência e é irreversível. Um instrumento de funcionalidade incrementa os resultados de qualidade de vida e de capacidade funcional ventilatória que comumente se aplicam nas avaliações de sujeitos com DPOC e que são úteis à tomada de decisões clínicas e avaliação das respostas às intervenções. Assim, indivíduos com DPOC poderiam ser avaliados através do WHODAS, uma ferramenta desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e baseada na estrutura da Classificação Internacional de Incapacidade, Funcionalidade e Saúde (CIF), que avalia níveis de funcionalidade de forma padronizada. O objetivo foi validar a versão brasileira de WHODAS para indivíduos com DPOC. Para testar as propriedades psicométricas do WHODAS 2.0, a sua versão de 36 itens foi aplicada por entrevista a 11 indivíduos com DPOC, sendo 5 homens e 6 mulheres com idade média de 67,18 anos. Metade dos participantes eram casados e a metade também era de aposentados. Para verificar a validade, realizaram-se as seguintes análises: consistência interna e análise de critérios externa, tendo como instrumento auxiliar o Saint George’s Respiratory Questionnaire (SGRQ). O coeficiente α de Cronbach foi adequado na análise de consistência interna em todos os domínios do WHODAS. Na análise de validade externa houve relação direta entre o domínio de participação do WHODAS com os de sintomas e impacto psicossocial do SGRQ. Ademais, os domínios cognição e atividade de vida do WHODAS mostraram relação direta com o domínio de impacto psicossocial do SGRQ. Conclui-se que o WHODAS 2.0 parece ser um instrumento válido para ser aplicado a pacientes com DPOC, mas precisa-se de uma amostra mais significativa para se apoiar o uso deste instrumento nesta população específica.