DOIS SABERES CRUZADOS: DANÇA E GEOGRAFIA COMO MEIO PARA UMA PEDAGOGIA COLETIVA/SENSITIVA

Resumo

Na escola, cada indivíduo tem o seu lugar, e cada lugar, um indivíduo. Espaço cujo contexto se organiza como uma máquina segmentar, molda, constitui corpo dócil (Foucault, 1987), fabrica identidades autocentradas ao fim que o coletivo, a relação humana e sensível é arbitrária. Não há prática social mais política que a prática educativa, já dizia Paulo Freire (2000). Este projeto político-pedagógico pensado por meio do saber da dança e da geografia, dentro de uma perspectiva interdisciplinar, busca fomentar um processo de ensino-aprendizagem que se organiza como rede, numa tentativa de contribuir numa formação cujo coletivo é princípio de transformação. Trata-se de uma formação menos maquínica e mais humanista, sensível, embasada na relação e na cooperação. A dança e a geografia se ligam, emaranham-se e projetam uma metodologia que busca, de modo rudimentar, tornar o problema da individualidade na educação e consequentemente na vida social, menos grave, buscando a potência do contrário, ou seja, o coletivo. Objetiva-se trabalhar os sentidos, perceber a si, o outro e o mundo no qual se vive – uma educação da sensibilidade – pedagogia do conhecer a si na relação com o outro, tornando o conhecimento um grande mapa aberto onde todos são livres para inventar e compor distintos modos de existir. Elabora-se um plano de trabalho no qual a cartografia é método a estimular a fabricação de mapas. Tal metodologia se sistematiza em três partes: mapa de si: mapear o próprio corpo, percebê-lo como território, dividí-lo em regiões afetivas; mapa dos outros: conhecer o território vizinho, as regiões afetivas dos outros (pedaços das histórias que os constituem); mapa de nós: unir as regiões afetivas, entender a existência como uma relação, como um macro mapa. Todos fazem parte um dos outros. Com todos esses aspectos e questões este trabalho segue em desejo de experimentação.