DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM OU NA ENSINAGEM? REFLEXÕES SOBRE AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA UTILIZADAS POR PROFESSORES DO 5š ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Resumo

Este trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa de doutorado, vinculada ao Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Ceará (PPGE – UFC), com fomento da CAPES e objetiva investigar quais estratégias de ensino da leitura e escrita são utilizadas por professores do 5º ano junto aos seus estudantes considerados com dificuldades nesse aprendizado específico. Seriam dificuldades na aprendizagem ou na ensinagem? Assim, aplicamos um questionário on-line junto aos professores(as) da rede de ensino municipal de Fortaleza e obtivemos 44 respondentes. Preliminarmente, temos o relato dos professores que informam utilizar variadas atividades de oralidade, leitura, escrita e análise linguística. No entanto, quanto ao ensino da leitura, apenas seis professores, dentre os 44, destacaram a utilização de uma variedade de gêneros textuais e, apenas três, o uso de textos literários. No ensino da escrita, informam-nos que variam as atividades de acordo com os níveis psicogenéticos de escrita dos estudantes, mas ainda não ultrapassam as relações formais do ensino da língua, aliando-as às práticas de letramento. Nas práticas de oralidade, ficou evidente que as situações didáticas propostas se voltam sobre o texto, literalmente, e pouco valorizam a fala do estudante num contexto discursivo e sociocomunicativo. Na dimensão da análise linguística, professores dizem utilizar jogos e recursos didáticos diversificados. Os respondentes destacam também que a efetiva participação da criança com dificuldades nessas atividades requer a mediação do professor, indicando uma possível fragilidade da criança no protagonismo quanto à sua aprendizagem. Todavia, com base nos dados, consideramos que tal fragilidade dos estudantes tenha direta relação com as fragilidades nas práticas de ensino utilizadas pelos professores, visto que estas não estão sistematicamente aliadas às práticas de letramento, dificultando o envolvimento e a significação das aprendizagens pelas crianças.