A composição de timbragens no rock independente brasileiro

afecções do tecnocolonialismo e da precariedade no setup dos músicos

Autores

  • Marcelo Conter Instituto Federal do Rio Grande do Sul
  • Gabriel Gularte Instituto Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.36517/psg.v12i1.70959

Resumo

No rock independente brasileiro contemporâneo, a fruição musical depende muito de timbragens complexas desenvolvidas através de uma série de pedais de efeito que modulam o sinal dos instrumentos musicais. Mas para um artista amador ou semi-profissional, dispor de vários pedais custa caro em tempos de desvalorização da moeda brasileira. Assim, a formatação dos setups, termo empregado pelos músicos ao arranjo de instrumentos e aparelhos musicais, é atravessada não apenas por escolhas estéticas dos músicos, mas também por agenciamentos sociais, tecnológicos, econômicos e até políticos. Nos interessa observar como tais agenciamentos afetam os processos artísticos de produção de timbres na obra das seguintes bandas: Rakta; Boogarins; Winter; My Magical Glowing Lens; Cine Baltimore; Sterea; Adorável Clichê; Supervão; Zeca Viana; Harmônicos do Universo; E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante; e Miêta. Os membros destas bandas e seus setups são atravessados por condições de precariedade, pela necessidade de enjambres, pelo tecnocolonialismo que se impõe à produção musical no Brasil, e tudo isto afeta o resultado final de suas timbragens. Para compreender tais afecções, descrevemos e mapeamos a máquina social técnica (criada pelo acoplamento entre músicos, instrumentos musicais, amplificadores e pedais de efeito) que agencia timbragens, com o intuito de reconhecer transformações geradas nos corpos envolvidos no agenciamento (ouvintes, músicos, instrumentos, música) após os timbres serem atualizados. Como parte de uma pesquisa maior, o presente artigo contribui na compreensão do timbre como um agente de comunicação afetiva.

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Biografia do Autor

Marcelo Conter, Instituto Federal do Rio Grande do Sul

Marcelo Bergamin Conter é professor de produção fonográfica no IFRS. Realizou pós-doutorado em Comunicação na Unisinos (Bolsista da CAPES, Projeto 88881.030393/2013-01) onde integrou a pesquisa Creative Industries, Cities and Popular Music Scenes: The Social Media Mapping of Urban Music Scenes. É doutor e mestre pela UFRGS, com doutorado sanduíche (CAPES) pela Columbia University (Nova Iorque). Em 2013, publicou seu primeiro livro, "Imagem-música em vídeos para web" e, em 2016, sua segunda publicação, "LO-FI – Música pop em baixa definição". É membro das bandas Musical Amizade e Gentrificators. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Teoria da Comunicação, atuando principalmente nos seguintes temas: materialidades da comunicação; semiótica; música pop; música amadora; cultura digital; audiovisualidades. Atualmente coordena a Coordenação de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do IFRS Campus Alvorada. Integra o Grupo de Pesquisa Sonoridades, Imagem, Materialidades da Comunicação e Cultura (SIMC/IFRS), o Grupo de Pesquisa Semiótica e Culturas da Comunicação (GPESC/UFRGS) e o Grupo de Estudos Imagem, Sonoridades e Tecnologia (GEIST/UFSC). Também é produtor de áudio.

Gabriel Gularte, Instituto Federal do Rio Grande do Sul

Aluno do Curso Técnico Integrado em Produção de Áudio e Vídeo no IFRS - Campus Alvorada. Atualmente é bolsista de fomento externo (CNPq - 30/2018) na pesquisa O timbre como afeto no rock independente brasileiro: uma abordagem semiótica. (Texto informado pelo autor)

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Publicado

2021-07-31

Como Citar

Conter, M. B., & Gularte, G. F. (2021). A composição de timbragens no rock independente brasileiro: afecções do tecnocolonialismo e da precariedade no setup dos músicos. Passagens: Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Comunicação Da Universidade Federal Do Ceará, 12(1), 137–159. https://doi.org/10.36517/psg.v12i1.70959

Edição

Seção

Dossiê Semiótica e Culturas da Comunicação