Melancolia e capitalismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36517/psg.v16i1.96242

Palavras-chave:

Melancolia; Necropolítica; Capitalismo gore; Política do luto.

Resumo

O artigo reexamina a melancolia para além do enquadramento clínico, propondo-a como afeto histórico-político do capitalismo tardio. Partimos do processo de traduções nosográficas que reduziram experiências singulares a “depressão” e mostramos como, nas atuais formas de governo da vida e da morte, a descartabilidade de corpos e a espetacularização da violência moldam a sensibilidade coletiva. Nessa paisagem, a melancolia funciona como índice de lutos interditados e como afeto de transição: em vez de paralisar, pode converter perda em memória compartilhada e memória em ação comum. Argumentamos por uma política do luto que despatologize dores estruturais e as elabore como base de cuidado, solidariedade e alegria insurgente — não uma positividade compulsória, mas a energia de resistência que emerge do reconhecimento da vulnerabilidade e do trauma social.

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Biografia do Autor

Leda Mendes Gimbo, Universidade Federal de Goiás (UFG)

Professora Adjunta no curso de Psicologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Goiás. Pesquisadora na Linha de Subjetivação, Clínica e Cultura, com estudos sobre relações de poder, gênero, comportamento humano e campo. Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Gestalt terapia da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Fernando Gimbo, Universidade Federal do Cariri (UFCA)

Graduação em Comunicação Social pela Fundação Cásper Líbero e Graduação em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Atualmente é Professor Adjunto do curso de Filosofia na Universidade Federal do Cariri (UFCA).

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Publicado

2025-11-04

Como Citar

Gimbo, L. M., & Gimbo, F. (2025). Melancolia e capitalismo. Passagens: Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Comunicação Da Universidade Federal Do Ceará, 16(1), 7–23. https://doi.org/10.36517/psg.v16i1.96242

Edição

Seção

Dossiê "Sobre a Melancolia. Estranhezas entre a Estética e a Política"