Melancolia e capitalismo
DOI:
https://doi.org/10.36517/psg.v16i1.96242Palavras-chave:
Melancolia; Necropolítica; Capitalismo gore; Política do luto.Resumo
O artigo reexamina a melancolia para além do enquadramento clínico, propondo-a como afeto histórico-político do capitalismo tardio. Partimos do processo de traduções nosográficas que reduziram experiências singulares a “depressão” e mostramos como, nas atuais formas de governo da vida e da morte, a descartabilidade de corpos e a espetacularização da violência moldam a sensibilidade coletiva. Nessa paisagem, a melancolia funciona como índice de lutos interditados e como afeto de transição: em vez de paralisar, pode converter perda em memória compartilhada e memória em ação comum. Argumentamos por uma política do luto que despatologize dores estruturais e as elabore como base de cuidado, solidariedade e alegria insurgente — não uma positividade compulsória, mas a energia de resistência que emerge do reconhecimento da vulnerabilidade e do trauma social.
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