MICHEL FOUCAULT: CRÍTICO DO MATERIALISMO OU MATERIALISTA RADICAL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30611/2024n32id93337

Palavras-chave:

Michel Foucault, Materialismo, Arqueologia, Genealogia, Ética

Resumo

A partir da pergunta que dá título a este artigo, pretendemos posicionar o pensamento de Michel Foucault em relação ao materialismo através de uma análise que contemple as três fases de seu pensamento, a saber, a arqueologia, a genealogia e a ética. Mediante esta análise, concluímos não só pela filiação do pensamento de Michel Foucault no campo mais amplo e plural dos materialismos, mas também pela radicalidade que o filósofo assume em relação ao materialismo em todas as fases de seu pensamento. Do ponto de vista da arqueologia, argumentamos que a tomada do discurso não em seu caráter representativo, significativo ou teleológico, mas na concretude e singularidade de seu aparecimento, reforça de forma significativa o materialismo; em relação à genealogia, mostramos como a microfísica do poder, ao voltar-se contra os efeitos de hegemonia que produzem a abstração dos Grandes Conceitos e das Grandes Coisas, revelam a materialidade de um jogo de forças sujeitado pelas formas oficiais do saber e do poder; por fim, do ponto de vista da ética, esclarecemos que o âmbito da análise da relação de si consigo não consiste no domínio da interioridade, refúgio último do imaterialismo, mas justamente no âmbito da produção de subjetividade determinada por uma relação com a exterioridade, a alteridade e o fora. Dessa forma, consideramos a noção de Materialismo Radical pertinente para compreendermos, de forma mais rigorosa, tanto certas características próprias ao pensamento de Michel Foucault, quanto sua indubitável filiação ao materialismo.

Referências

ALTHUSSER, L. Aparelhos Ideológicos de Estado. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

ANDERSON, P. Tras las huellas del materialismo histórico. Mexico: Siglo XXI, 1988.

BENEVIDES, P. O Dispositivo da Verdade: uma análise a partir do pensamento de Michel Foucault. Tese de Doutorado. Fortaleza, UFC, Programa de Pós-Graduação em Educação, 2013.

BENEVIDES, P; SIEBRA, J., 2020. A Pesquisa Arqueogenealógica: apontamentos para uma analítica do poder, do discurso e da subjetivação. In: BARROS, J.; MELLO, R.; ANTUNES, D (Orgs.). Políticas de vulnezabilização social e seus efeitos. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2020, 284-301.

BALIBAR, É. Foucault and Marx: The question of nominalism. In: Michel Foucault philosopher. New York: Routledge, 1992, 38-56.

CANDIOTTO, C. A genealogia da ética de Michel Foucault. In: Educação e Filosofia, v. 27, n. 53, 2013, 217-234.

CARDOSO JR., H. Para que serve uma subjetividade? Foucault, tempo e corpo. In: Psicologia: Reflexão e Crítica, v.18, n.3, 2005, 343-349.

DELEUZE, G. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 1988

DELEUZE, G. Diferença e Repetição. Rio de Janeiro: Graal, 2019.

DELEUZE, G. Conversações. Rio de Janeiro: Editora 34, 2010.

DERRIDA, J. A Escritura e a Diferença. São Paulo: Perspectiva, 2002.

FEYERABEND, P. Contra o Método. São Paulo: UNESP, 2003.

FINE, B. Las luchas contra la disciplina: la teoría y la política de Foucault. In: TARCUS, H. (Org.) Disparen contra Foucault. Buenos Aires: El cielo por assalto, 1993, 109-143.

FOUCAULT, M. Sobre a Prisão. In: FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1988, 129-144.

FOUCAULT, M. A Ordem do Discurso. São Paulo: Edições Loyola, 1996.

FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1997a.

FOUCAULT, M. A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária 1997b.

FOUCAULT, M. O Nascimento da Clínica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.

FOUCAULT, M. Nietzsche, Freud e Marx. In: FOUCAULT, M. Ditos e Escritos – Vol. II. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008a, 40-55.

FOUCAULT, M. O Nascimento da Biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008b.

FOUCAULT, M. O que é um autor? In: FOUCAULT, M. Ditos e escritos – Vol. III. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009a, 264-298.

FOUCAULT, M. História da Sexualidade (Vol.1): A Vontade de Saber. São Paulo: Graal, 2009b.

FOUCAULT, M. Em Defesa da Sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

FOUCAULT, M. A Verdade e as Formas Jurídicas. Rio de Janeiro: Nau, 2011a.

FOUCAULT, M. A Hermenêutica do Sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2011b.

FOUCAULT, M. O Poder Psiquiátrico. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

FOUCAULT, M. A Sociedade Punitiva. São Paulo: Martins Fontes, 2015.

GALVÃO, B. A. (2014) A ética em Michel Foucault: do cuidado de si à estética da existência. In: Intuitio, v. 7, n.1, 2014, 157-168.

GIMBO, Fernando. Para uma análise performativa do discurso: Foucault e o “materialismo do incorporal”. In: Sapere aude, v. 9, n. 17, jan/jul 2018, 255-267.

GROS, F. Situação do Curso. In FOUCAULT, M. A Hermenêutica do Sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

HABERMAS, J. O Discurso Filosófico da Modernidade. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

JODELET, D. O movimento de retorno ao sujeito e a abordagem das representações sociais. In: Sociedade e Estado. 24(3), 2009, 679-712.

JOURDAN, C. Foucault e a ruptura com a representação. In: História, questões e debates, n. 67, 2019, 43-67.

LACLAU, E. Emancipación y diferencia. Buenos Aires: Ariel, 1996.

MONGE, J. Para un materialismo de la coyuntura: Foucault y Althusser. In: Dorsal: Revista de Estudios Foucaultianos, 3, 2017, 91-118.

PÊCHEUX, M. Semântica e Discurso. Campinas, Editora da UNICAMP, 1988.

POULANTZAS, N. Estado, Poder, Socialismo. Madrid: Siglo XXI, 1998.

RAMMINGER, T.; NARDI, H. Subjetividade e trabalho: algumas contribuições conceituais de Michel Foucault. In: Interface. v. 12, n.25, 2008, 339-346.

VEYNE, P. Un arqueólogo escéptico. In: ERIBON, Didier (Org.). El infrecuentable Michel Foucault. Renovación del pensamiento crítico. Buenos Aires: Letra Viva, 2004, 23-87.

ZIZEK, S. Um Mapa da Ideologia. Rio de Janeiro, Contraponto, 1996.

Downloads

Publicado

2024-04-30

Edição

Seção

Dossiê Materialismo e Tradição Filosófica