PARA UMA HISTORIA DO TEATRO OUTRA: CORPOS DISSIDENTES EM CENA
Resumo
A História do Teatro instituída como hegemônica é, sem dúvidas, uma história branca, masculina, heterossexual e eurocentrada. A contagem do tempo linear ocidental parece suportar apenas essa história. Um teatro limpo, encerrado em si, incapaz de dialogar com seus próprios tempos. Uma história que cria socialmente o imaginário de teatro como uma linguagem que em gira em torno do homem cisgênero branco e de seus problemas, é possível notar esse fato até no exercício simples de escrever uma lista de teatrólogos que são elegidos por essa história. E se investíssemos esforços em contar o não-contado? Enquanto travesti e artista, entendo que a contaminação do teatro e de toda a arte por corpos dissidentes nas últimas décadas, desestabiliza os regimes estéticos hegemônicos e nos obriga a contar uma outra história. Não uma revisão da história tradicional, antes uma outra história. Sob essa perspectiva, a história já contada é deslocada de seu lugar oficial e colocada como mais uma versão possível. Ao acionar o termo “corpos dissidentes”, eu me refiro à uma multidão de bichas, travestis, transexuais, putas, negros e negras que adentram o Teatro com seus corpos, mentes, afetos identidades e questões sociais e, com isso, presenteiam a linguagem com novas perspectivas cênicas e outros campos epistêmicos. Uma revolução sensorial! Atentar a essa urgência não é uma tarefa fácil, implica no esforço de cavar por histórias jamais contadas nos livros oficiais, histórias carregadas pela cultura de diferentes formas. Um esforço de ter um olhar histórico que, passeia pelo passado mas se inscreve só pela força do presente e assim rabisca para o Teatro um novo futuro. Decidi seguir essa tarefa nas duas disciplinas de História do Teatro, da Licenciatura em Teatro da UFC, em que fui monitora no ano de 2019. Um esforço coletivo entre alunos, professor e monitores. Desejo compartilhar nos Encontros Universitários um pouco do que vivemos juntos nesse desafio de pesquisa em arte.Publicado
2019-01-01
Edição
Seção
XXVIII Encontro de Iniciação à Docência
Licença
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