CIDADE DE PAPEL: UM PANORAMA DA CRIAÇÃO, SIGNIFICAÇÃO E DISPUTAS DAS RUAS DE FORTALEZA A PARTIR DAS PLANTAS DA CIDADE (1863-1888).

Abstract

Este trabalho pretende compreender os processos de construção, ocupação, significação e disputas das ruas da cidade de Fortaleza entre 1863 e 1888. As ruas são para as cidades parte importante das trocas e dos acontecimentos do dia a dia urbano, dos encontros entre populares e da construção de uma lógica urbana de sociabilidade própria. As ruas são um objeto difuso, não possuem delimitações certeiras de quem caminha, trabalha, brinca e pratica todo tipo de atividade em seu cotidiano. Da mesma forma, suas configurações estruturais também são heterogêneas: calçadas, calçamento, iluminação, tudo isso varia conforme a localização e sobretudo conforme os jogos de poder que se estabelecem em torno da significação deste espaço. Para a análise do presente trabalho utilizamos as plantas da cidade do arquiteto e urbanista Adolfo Herbster para a então Câmara Municipal como principal fonte, cruzando-as com jornais, códigos de postura e com plano de expansão e urbanização da cidade. Buscando alcançar maior diversidade através de um exercício de cartografia das ruas, o trabalho tem como objetivos: analisar o processo de formação das ruas como espaço urbano fundamental e compreender as contradições entre as ruas planejadas e a cidade real. Concluímos que nenhuma planta guarda o mesmo sentido, quando consumida, daquilo que lhe foi atribuído em gênese. As plantas de Fortaleza, da segunda metade do século XIX, estão impregnadas pelo dia a dia urbano. No momento em que suas diretrizes, diluídas nos planos de urbanização e nos Códigos de Postura, alcançam os moradores da cidade, os sentidos das ruas se produzem.