ENQUADRAMENTOS E RUPTURAS NO OLHAR DA CÂMERA: O ATRAVESSAMENTO DA CISGENEIRIDADE EM DOCUMENTÁRIOS BRASILEIROS SOBRE PESSOAS TRANS*

Autores/as

  • Aline RebouÇas Azevedo Soares
  • Deborah Christina Antunes

Resumen

A pesquisa parte de reflexões sobre o documentário para pensar o atravessamento da cisgeneridade na produção do olhar. Entende o documentário como um dispositivo profanador de dispositivos, em acordo com a proposta política de Giorgio Agamben (2005; 2007). Tal característica subversiva foi bastante explorada por Eduardo Coutinho (1997), como quando afirma que, esteticamente, a escolha de manter a presença da câmera e de pessoal técnico dentro do enquadramento; ou de preservar, na edição e montagem, ruídos acidentais, como o latido de um cachorro são indicativos de uma produção que prima pela “verdade da filmagem”. Expor contingências e imprevisibilidades transcorridas durante a produção filmica seria, portanto, mostrar legitimidade e, por vezes, uma finalidade crítica que perpassa escolhas estéticas e indicam o potencial emancipatório do documentário. Esse estudo também parte do aspecto social do termo “enquadramento”, discutido por Judith Butler (2015), tendo em vista o diálogo possível com o termo no vocabulário técnico referente ao uso de dispositivos audiovisuais. Isso permite explorar de que maneira o enquadramento como processo social dialoga com o enquadramento da câmera em seus aspectos técnicos. Para elaborar uma reflexão critica sobre os atravessamentos da cisgeneiridade na produção do olhar da câmera, acredito na necessidade de trazer ao referencial teórico estudos realizados por pessoas trans*, como Jota Mombaça (2020; 2021), Ian Habib (2018; 2020), Renata Carvalho (2019; 2020) e Dodi Tavares (2018). É, ainda, uma oportunidade para tensionar esses estudos contemporâneos com teorias que já conhecemos. Proponho, com base nos resultados obtidos, um percurso metodológico, de potencial multidisciplinar de aplicação, para análise de narrativas audiovisuais que possibilite apreensões e estudos da linguagem e técnicas cinematográficas, as quais também podem ser consideradas como elementos narrativos.

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Publicado

2021-01-01

Cómo citar

RebouÇas Azevedo Soares, A., & Christina Antunes, D. (2021). ENQUADRAMENTOS E RUPTURAS NO OLHAR DA CÂMERA: O ATRAVESSAMENTO DA CISGENEIRIDADE EM DOCUMENTÁRIOS BRASILEIROS SOBRE PESSOAS TRANS*. Encontros Universitários Da UFC, 6(3), 2116. Recuperado a partir de https://www.periodicos.ufc.br/eu/article/view/75239

Número

Sección

XIV Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação