FLORBELA ESPANCA: O MÁRMORE E A BARBÁRIE

Autores/as

  • Priscilla Freitas de Farias
  • Francisco Regis Lopes Ramos

Resumen

Um dos grandes momentos de disseminação estatuária cívica em Portugal foi fruto do Estado Novo, que vislumbrou na estatuária o melhor veículo para a monumentalização da sua propaganda. Dessa forma, as estátuas foram criadas para produzirem a ilusão de que a memória coletiva podia vencer o esquecimento, embora saibamos que esse trabalho simbólico seja feito de muitos silêncios, seleções e injustiças, como foi o caso do busto em homenagem a Florbela Espanca que, no contexto da Ditadura de Salazar, foi renegado por 18 anos, não só pelas autoridades religiosas, mas pelas autoridades políticas local e nacional, até finalmente ser erigido no Jardim Público de Évora em 1949. Apesar do apoio pela maior parte da imprensa, a rejeição do busto era eminente pelas instituições política nacional. Em um país panteão como Portugal, que reforça a sacralização cívica dos “grandes homens” através dos monumentos como uma forma de reescrever a história em pedra e bronze, jamais homenagearia uma mulher como Florbela Espanca. Dessa forma, partido do pressuposto teórico de Walter Benjamin, nesse trabalho propomos problematizar o fio conformista da continuidade histórica e cultural, questionando não só acerca dos pretensos “tesouros culturais”, mas aqueles que materializam heróis em estátuas, cuja sua função é meramente ideológica e política. Nesse sentido, buscamos analisar como a “Política de Espírito” do Estado Novo remonta na estátua um elemento fundante da própria lembrança do passado e da esperança de um futuro, ressignificando a fonte da raça, da herança e da tradição, dando um caráter patriarcal aos portugueses, interferindo diretamente na recusa permanente da homenagem do busto de Florbela Espanca. Por fim, propomos pensar Florbela Espanca enquanto “monumento da barbárie” após seu busto ser erigido e exposto como alto monumento da cultura no Jardim Público de Évora em 1949.

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Publicado

2021-01-01

Cómo citar

Freitas de Farias, P., & Regis Lopes Ramos, F. (2021). FLORBELA ESPANCA: O MÁRMORE E A BARBÁRIE. Encontros Universitários Da UFC, 6(3), 2150. Recuperado a partir de https://www.periodicos.ufc.br/eu/article/view/75273

Número

Sección

XIV Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação