PRESENÇA DE NITRATO NAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS: UM RISCO A SAÚDE HUMANA

Abstract

A água subterrânea representa 98% da reserva de água doce do planeta, sendo considerada, no geral, com qualidade superior às de recursos hídricos superficiais, pois normalmente, encontra-se mais protegidas de agentes poluidores. No Brasil, a água subterrânea vem sendo bastante explotada, tendo como principais usos: o consumo humano, irrigação, indústrias e lazer; para 39% dos municípios brasileiros, a água subterrânea é a única fonte de abastecimento, 47% são abastecidos unicamente por águas superficiais e 14% por mananciais superficiais e subterrâneos. Porém, a qualidade das águas subterrâneas pode ser comprometida por diferentes formas de uso e ocupação do solo, a exemplo da falta de saneamento básico, a disposição inadequada de resíduos sólidos, postos de combustíveis e a utilização de fertilizantes na agricultura são fatores que comprometem a qualidade da água subterrânea. Segundo o levantamento feito pelo Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS) (2019), 50% da população de Fortaleza recebe atendimento de coleta de esgoto, mas apenas 59,7% dos esgotos são tratados; a ausência de saneamento básico leva a população a utilizar fossas sépticas, que em função da oscilação sazonal do nível freático podem transformar-se em fossas negras e, neste caso, a função depuradora do sistema aquífero passa a ser mínima, ou sequer existir. O nitrato é considerado como o poluente mais frequente oriundo dos sistemas sépticos, em Fortaleza, isto é confirmado à medida que as análises das águas subterrâneas mostram a existência constante deste elemento, em concentrações quase sempre acima de 5 mg/L, servindo como indicativo de contaminação da água subterrânea por atividade humana, causando em média, 4.634 internações correlacionadas a doenças de veiculação hídrica, o que corresponde a uma incidência média de 16 internações para cada 10 mil habitantes.