“AB(DIAS) DE LUTA” E DE “DOLORIDA-MEMÓRIA” NA POESIA DE CONCEIÇÃO EVARISTO

Resumo

A poesia hoje pede uma necessária atenção em relação ao genocídio do negro no Brasil, e a pesquisa, em meios acadêmicos, sobre esse assunto fica cada vez mais fundamental para reverberar uma memória que deve estar presente em todas as discussões políticas possíveis. Este trabalho foi feito para “reapresentar”, em primeiro lugar, o ensaio escrito por Abdias do Nascimento para o Colóquio do Segundo Festival Mundial de Artes e Culturas Negras, realizado em Lagos, em 15 de janeiro e 12 de fevereiro de 1977, assim como, colocar as suas principais questões: o mito do senhor benevolente; a exploração sexual da mulher africana; o mito do africano livre; o branqueamento da raça: uma estratégia de genocídio; discussão sobre raça proibida; discriminação: realidade racial; a perseguida persistência da cultura africana no Brasil; o FESTAC. 77 e outras questões. Em segundo lugar, fazer um estudo de algumas poesias de Conceição Evaristo baseado no texto de Abdias do Nascimento, relacionando as suas indicativas às seguintes poesias: “Dias de kizomba”, que fala do valor de Abdias do Nascimento para a luta do negro no Brasil; “Certidão de Óbito”, que traz a necessária importância da memória para recuperar a dor da luta diária por justiça social; “Meu rosário”, que revela a relação da importância da religiosidade da poeta para deixar viva a força contra as desigualdades ainda permanentes em nossos dias; e “Favela”, que diz, com poucas palavras, a realidade do negro. E, por fim, verificar se agora, em um momento tão importante e delicado de nossa história, as indicativas feitas por Abdias do Nascimento, na conclusão de seu ensaio, foram implementadas, passados 43 anos do lançamento do livro, para que tenhamos mais cuidado com o genocídio que foi asseverado em nosso país com um governo tão injusto e cruel que estamos vivendo e para que possamos encontrar melhores vias para trilhar.