IMPLICAÇÕES PSICOSSOCIAIS DA POBREZA NA PERMANÊNCIA DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO NO CONTEXTO DA CRISE DA PANDEMIA DA COVID-19

Resumo

O fechamento das escolas em todo Brasil ocasionado pela pandemia da COVID-19 trouxe uma nova realidade nunca vivenciada até então pelos estudantes, o desafio de acompanhar as aulas de forma remota. No estado do Ceará a mobilização para contenção da disseminação do coronavírus iniciou com a publicação do Decreto 33.510 pelo então Governador Camilo Santana em 16 de março de 2020 que decretou emergência em saúde no estado (CEARÁ, 2020). Dessa maneira, no contexto da educação pública, se evidenciou uma problemática que se arrasta há anos no contexto de ensino brasileiro: a evasão escolar. Dessa forma, esta pesquisa tem como objetivo analisar como as implicações psicossociais da pobreza impactam na permanência de estudantes do ensino médio da educação pública durante a pandemia da COVID-19. Nesta pesquisa compreendemos que a pobreza tem um caráter multidimensional, isto é, não se trata apenas da ausência de recursos financeiros, mas da falta de acesso a serviços essenciais, como educação, saúde, lazer, cultura e etc. (SEN, 2000). A situação de pobreza tem impactos em vários âmbitos da vida e se relaciona diretamente com a constituição do psiquismo. Nesta pesquisa utilizamos uma metodologia qualitativa, com a utilização de questionário sociodemográfico de pobreza multidimensional e grupo focal. A pesquisa ainda está em andamento, no entanto, os resultados iniciais da pesquisa apontam através dados que em 2019 no Brasil, 8% das crianças e adolescentes em idade escolar, isto é, de 4 a 17 anos, não estavam matriculados em escolas, isto representa 4,2 milhões de crianças e adolescentes fora da escola e em 2020 14% das crianças e adolescentes nessa faixa etária não estavam matriculados em escolas em 2020, isto equivale a 9 milhões de crianças e adolescentes em faixa etária escolar.