RACISMO E SAÚDE MENTAL: REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO CAMPO DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO BRASIL

Resumo

Este estudo tem a proposta de analisar a produção científica brasileira sobre o campo da atenção psicossocial, tomando como analisador a relação saúde mental e racismo. Para problematizarmos o diagrama colonial/escravista que opera nos processos de saúde-doença-cuidado de negros e negras, partimos do reconhecimento do racismo estrutural (Almeida, 2018) e de seus agravantes na saúde mental da população negra. Isso porque o debate sobre as relações raciais e as desigualdades no Brasil acaba ocupando um não lugar, pois, ainda, é difundida a ideia do/a brasileiro/a cordial que convive harmonicamente com a histórica desigualdade racial. Para responder à essa problemática, foi utilizada a Revisão Sistemática (RS) como metodologia de investigação na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e no Portal de Periódicos CAPEs, sendo empregados os descritores “saúde mental” AND “racismo” AND “atenção psicossocial” no recorte temporal de 2009 a 2021. Foram selecionados, por meio dos critérios de inclusão e exclusão e através da análise dos resultados e discussões pertinentes à saúde mental de negros e negras no Brasil, 22 artigos para compor a revisão. Os resultados foram agrupados em cinco eixos analíticos: 1) Os efeitos do racismo na saúde da população negra; 2) A (in)existência do debate racial nas rede de atenção psicossocial; 3) O debate do usuário de drogas a partir da dimensão racializada; 4) Gênero, raça, classe e saúde mental e 5) Práticas decoloniais no cuidado da população negra. A discussão sinaliza a necessidade da construção de um pensamento crítico acerca das expressões do racismo e seus efeitos psicossociais no cotidiano de trabalhadores/as da RAPS, assim como no fomento e delineamento compartilhado de horizontes de inter(in)venção em tal problemática.