O Legado Traumático da Escravidão em Torto Arado

Autores

  • Joyce Fernandes Brown University

Resumo

A escravidão no Brasil e suas implicações sociais após a abolição deixaram profundos traumas na população afro-brasileira. No romance Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior, alguns desses traumas são apresentados através das narrativas pessoais das irmãs Bibiana e Belonísia, culminando com o desfecho narrado pela “encantada” Santa Rita Pescadeira.  O presente artigo pretende analisar de que forma o trauma cultural é retratado no romance, a partir da definição de Alexander (2004) e Eyerman (2011; 2019). Parte-se do pressuposto que através de referências à história e à tradição de um povo, o romance enfatiza esforços para a manutenção e também para a extinção dessas tradições e da identidade cultural do grupo, como definida por Hall (1990). Ao dar voz às duas irmãs e a uma divindade religiosa, o romance expõe a realidade social de um grande número de afrodescendentes em comunidades rurais, ainda ignorada por muitos brasileiros. A partir da permeabilidade entre ficção e realidade que o romance apresenta, a análise propõe uma continuidade da discussão sobre o legado da escravidão no país e constitui uma tentativa de expandir a reflexão sobre os traumas gerados por ela, bem como os mecanismos de resistência e sobrevivência criados por essas comunidades a partir deles.

Biografia do Autor

Joyce Fernandes, Brown University

Doutoranda em Estudos Portugueses e Brasileiros na Brown University, Mestre em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2014), possui especialização Latu Sensu em Língua Inglesa pela União Dinâmica de Faculdades Cataratas (2011) e graduação em Letras Português/Inglês pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2006). Atualmente é professora assistente de português como língua estrangeira na Brown University. Tem experiência na área de Letras com ênfase em Línguas Estrangeiras Modernas, atuando principalmente nos seguintes campos: ensino de língua inglesa e portuguesa como línguas estrangeiras, processos ensino/aprendizagem, aquisição de segunda língua, treinamento pedagógico de professores e tradução.

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Publicado

2021-05-01