Narrativa angolana e moçambicana: desfazendo fronteiras hegemônicas

Autores

  • Marta Pedro Matsimbe Universidade Estadual de Santa Cruz
  • Sandra Maria Pereira do Sacramento Universidade Estadual de Santa Cruz

Resumo

Analisam-se as narrativas moçambicana e angolana, como projetos de resistência e manifestações contra a globalização neoliberal incitados pelo sistema canônico universal. Desenvolvendo uma análise comparativa entre o pensamento hegemônico e as narrativas africanas em língua portuguesa como sinônimo de resistência, objetiva-se investigar elementos reveladores de ruptura com o cânone literário colonial ocidental alicerçado em conceitos como o bloomoldiano (2001) que exclui/representa a história e cultura africanas. Enfoca-se o discurso literário, como um espaço representativo na ilustração dos embates hegemônicos, exclusão dos processos de formação identitárias e possibilidades de resistência, partindo do sujeito local. Com base em Schmidt (2017), Coutinho (2003), Eneida Souza (2007), Hall (2008), que rasuram pensamentos permeados de autoridade e violência, faz-se uma leitura a contra-apelo em resposta à exploração e à opressão sofridas sob jugo colonial. O corpus é formado pelos contos Mestre Tamoda do livro Mestre Tamoda e outros contos” (1984) de Uanhenga Xitu, angolano, e Nós Matamos o Cão Tinhoso da obra com o mesmo título ([1964] 2014) de Luís Bernardo Honwana, moçambicano. Nessa âmbito, reafirmam-se as possibilidade de múltiplas identidades em constante deslocamento e o estudo do cânone ocidental, como possibilidade de discutir e questionar seus critérios e estratégias de exclusão das minorias. 

Biografia do Autor

Marta Pedro Matsimbe, Universidade Estadual de Santa Cruz

 Possui graduaçao em Linguística (2017) pela Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique); Atualmente é Mestranda em Letras: Linguagens e Representações, pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Ilhéus, Bahia), com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). É intercambista, no Brasil, pelo Programa PROAFRI, do Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Linguística e Literatura e Análise do Discurso. Participa do do Grupo de Pesquisa "Literatura, História e Cultura: Encruzilhadas Epistemológicas" (CNPq/UESC)

Sandra Maria Pereira do Sacramento, Universidade Estadual de Santa Cruz

Possui graduação em Letras- Português Literatura pela Faculdade de Humanidades Pedro II- Rio de Janeiro (1978), mestrado em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1993), doutorado em Letras (Letras Vernáculas) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000) e Pós-doutorado pela Université Poitiers-France (2012-2013). Membro do GT/ANPOLL Mulher e Literatura e do Centre de Recherches Latino-Américaines; MSHS da Université Poitiers-France. É professora plena aposentada pela Universidade Estadual de Santa Cruz, onde elaborou e implementou o projeto do mestrado em Letras: Linguagens e Representações, aprovado pela Capes, em 2017. Atuou na graduação em Letras e no Profletras/UESC. Atualmente, é professora permanente do quadro docente do referido Programa. Detém experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, principalmente, nos seguintes temas: mulher, feminismo, estudos de gênero, alteridade, literatura, reprodutibilidade técnica e ensino da literatura na escola básica

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Publicado

2021-04-30