Experiências formativas de migrantes guineenses na Universidade Federal do Ceará: análise fenomenológica // Formative experiences of Guinean migrants at the Federal University of Ceará: phenomenological analysis
Resumo
Objetivamos compreender os sentidos da experiência formativa de migrantes guineenses na Universidade Federal do Ceará (UFC). Inicialmente, problematizamos as causas da migração e suas consequências psicológicas. Apresentamos uma fundamentação teórica sobre o fenômeno da migração. Expomos o panorama de Guiné-Bissau e os fatores que levam guineenses a migrarem para estudar na UFC. Empregamos um roteiro semi-estruturado de entrevista com quatro estudantes guineenses e analisamos suas experiências segundo uma metodologia fenomenológica empírica. Estabelecemos e discutimos os seguintes eixos temáticos: diferenças educacionais entre Brasil e Guiné-Bissau; dificuldades financeiras e adaptativas; aprendizagens interculturais. As experiências abordadas tratam não somente de uma formação acadêmico-profissional, mas de uma identidade cultural Guiné-Brasil. Assim como os estudantes guineenses estão se trans-formando, a partir de uma abertura ao Brasil, via universidade, é preciso que o movimento seja bilateralmente retroalimentado. Historicamente, o que antes era o fado incerto para escravos, deve-se firmar com o futuro promissor para aqueles estudantes compromissados em (re)construir um país melhor, seja ele Guiné-Bissau ou o Brasil.
Downloads
Referências
Andrade, C., & Holanda, A. (2010). Apontamentos sobre pesquisa qualitativa e pesquisa empírico-fenomenológica. Estudos de Psicologia (Campinas), 27(2), 259-268. doi: 10.1590/S0103-166X2010000200013
Bezerra, J., & Alves, H. (2022). Na EKO na EBA - o vai e vem da imigração: cotidiano, identidade e demandas de imigrantes africanos estudantes universitários. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 30(spe), e3073. doi: 10.1590/2526-8910.ctoAO232630731
Bomtempo, D., & Pinto Senna, K. (2021). Migração internacional de africanos para o Brasil e suas territorialidades no estado do Ceará. Geografares, 1(33), 205–228. doi: 10.47456/geo.v1i33.37140
Bohry, S. (2007). Crise Psicológica do Universitário e Trancamento Geral de Matrícula por motivos de Saúde (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura, Universidade de Brasília, Brasília. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/2817/1/2007_SimoneBohrydeOliveira.pdf
Castelo Branco, P., Santiago, A., Pinheiro, R., & Cirino, S. (2022). Os censos do INEP como critério para entender a formação em Psicologia: gênese, panorama e indicadores atuais. Memorandum: Memória e História em Psicologia, 39. doi: 10.35699/1676-1669.2022.34930
Có, J. (2011). Filhos da independência: etnografando os estudantes bissau-guineenses do PEC-G em Fortaleza-CE e Natal-RN (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12270
Dussel, E. (2007). Materiales para una política de la liberación. Madrid: Plaza y Valdez Editores.
Freire, J., & Hage, S. (2006). Relatório de Consultoria Internacional. Bissau: UNICEF Guiné-Bissau. Recuperado em 07 de Julho de 2022, de https://guinea-bissau.unfpa.org/sites/default/files/pub-pdf/CCADez2006finalPT.pdf
Giorgi, A. (2008). Sobre o método fenomenológico utilizado como modo de pesquisa qualitativa nas ciências humanas: teoria, prática e avaliação. Em L. Poupart (Org.). A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos (pp. 386-409). Petrópolis, RJ: Vozes. (Trabalho original publicado em 1997).
Gomes, A. (2019). Contexto histórico e análise macroeconômica da Guiné-Bissau (Trabalho de Conclusão de Curso). Departamento de Estatística e Matemática Aplicada. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/50251#:~:text=Sua%20economia%20concentra%2Dse%20mais,principal%20garantir%20sua%20estabilidade%20econ%C3%B4mica
Leite, L. (2012). Cooperação Sul-Sul: conceito, história e marcos interpretativos. Observatório Político Sul-Americano, 7(3), 01-41. Disponível em: http://www.opsa.com.br/images/pdf/observador/observador_v_7_n_03_2012.pdf
Lussi, C. (2015). Políticas públicas e desigualdades na migração e refúgio. Psicologia USP, 26(02), 126-144. doi: 10.1590/0103-6564D20140014
Maldonado-Torres, N. (2007). Sobre la colonialidad del Ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. Em S. Castro-Gomés. &, S, Grosfoguel. (Orgs.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. (pp. 152-180). Bogotá: Siglo del Hombre Editores.
Marandola., E., & Dal Gallo, P. (2010). Ser migrante: implicações territoriais e existenciais da migração. Revista Brasileira de Estudos e População, 27(2), 407-424. doi: 10.1590/S0102-30982010000200010
Martine, G. (2005). A globalização inacabada: migrações internacionais e pobreza no século 21. São Paulo em Perspectiva, 19(3), 03-22. doi: 10.1590/S0102-88392005000300001
Medeiros, A. (2017). Avaliação da política de cooperação Sul-Sul na UNILAB: percepções da integração sob o olhar dos discentes estrangeiros dos Campi do Ceará (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Avaliação de Políticas Públicas, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/27559
Moutinho, L. (2004). "Raça", sexualidade e gênero na construção da identidade nacional: uma comparação entre Brasil e África do Sul. Cadernos Pagu, 23, 55-88. doi: 10.1590/S0104-83332004000200003
Pizzinato, A., Hamann, C., Tedesco, P., & Jalmusny, Y. (2017). Aspectos étnico-raciais e de gênero na inserção universitária de jovens africanas no Brasil. Revista Brasileira de Educação, 22(70), 732-751. doi: 10.1590/S1413-24782017227037
Scantamburlo, L. (1999). Dicionário do Guineense: introdução e notas gramaticais. Lisboa: Colibri / FASPEBI.
Silva, H., Serra-Freira, J., Hage, S. (2014) Guiné Bissau e Brasil, separados por um oceano, unidos pela história. Saúde, educação e meio ambiente, o que lhes reserva o futuro?. Em: M. Campello., Jesus., & Z. Amador de Deus. (Orgs.). Entre os rios e florestas da Amazônia: perspectivas, memórias e narrativas de negros em movimento: subsídios para a Lei 10639/03 (pp. 147-160). Belém: UFPA, GEAM.
Teixeira, L., Soares; M., Júnior, M., Barroso, E., & Rodrigues, M. (2021). Internacionalizar para quê? As razões de instituições públicas de ensino superior no Ceará. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, 26(03), 800-821. doi: 10.1590/S1414-40772021000300009
Vieira, R., & Vieira, A. (2015). Identidades, aprendizagem e mediação intercultural: uma análise antropológica. Linhas Críticas, 21(44), 95–115. doi: 10.26512/lc.v21i44.4487
Wikipédia. Guiné-Bissau. Recuperado em 07 de Julho de 2022, de https://pt.wikipedia.org/wiki/Guin%C3%A9-Bissau
Copyright (c) 2023 Fidelia Martinho Infolna Ié, Paulo Coelho Castelo Branco

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.