Título Padrão
Palabras clave:
Epistemologia Wittgensteiniana. Epistemologia social. Queer theory. Binarismo de gênero. Antifundacionismo.Resumen
Wittgenstein sugere, em Da Certeza, que duvidar de que ele “é um homem” pode ultrapassar os limites de como nossos jogos de linguagem epistêmicos funcionam (§79). Uma vez que a certeza de que tais coisas no mundo como “homens” e “mulheres” estariam tão embutidas em nossa imagem de mundo (Weltbild) que não poderiam ser postas em dúvidas, poder-se-ia constituir um exemplo curioso do que o autor chama de “certeza-dobradiça”. No entanto, o fato de nossa visão de mundo ser orientada por certezas envolvendo gênero não deveria representar um fato imutável. Neste trabalho, argumentamos que, apesar do binarismo poder ser considerado uma certeza-dobradiça, isso não o impede de ser desafiado e mudado. Para isto, nós primeiro argumentamos que qualquer interpretação de como dobradiças estruturam nossos jogos epistêmicos precisará privilegiar pelo menos uma das metáforas apresentadas em Da Certeza em detrimento das outras. O tipo de metáforas destacadas sustentaria uma leitura epistemológica anti- ou fundacionalista. Uma visão fundacionalista sobre certezas-dobradiça é responsável, defenderemos, por sua suposta imutabilidade, incluídas certezas-dobradiças sobre gênero. Tomamos, então, a questão da pretensa imutabilidade de certezas de gênero como um caso específico sobre a pretensa imutabilidade de certezas-dobradiças. Nós propomos aqui interpretar o binarismo de gênero como a base da nossa imagem de mundo, cuja “certeza” pode ser vista como uma violenta constrição normativa. Em nossa leitura antifundacionista da epistemologia wittgensteiniana, defenderemos que certezas-dobradiças devem ser mutáveis, uma vez que seu status é funcional, isto é, elas devem variar seu papel ou função em contextos diferentes. Em favor do revisionismo de certezas-dobradiças, argumentamos que nossas práticas podem servir de ferramenta para desafiar o status de dobradiça do binarismo.
Descargas
Citas
BUTLER, J. Bodies that matter: On the discursive limits of “sex”. Oxford: Routledge, 2011.
BUTLER, J. Gender trouble: feminism and the subversion of identity. Oxford: Routledge, 1999.
BUTLER, J. The psychic life of power: theories on subjection. Stanford: Stanford University Press, 1997.
COLIVA, A. Moore and Wittgenstein: scepticism, certainty and common sense. New York: Palgrave Macmillan, 2010.
HARAWAY, D. A cyborg manifesto. In: Simians, cyborgs and women: The Reinvention of Nature. Oxford: Routledge, 1991. p. 149-181.
HASLANGER, S. Gender and race: what are they? (What) do we want them to be? Noûs, v. 34, n. 1, 2000, p. 31-55.
HOAGLAND, S. L. Making mistakes, rendering nonsense, and moving toward uncertainty. In: SCHEMAN, N.; O’CONNOR, P. (Orgs.). Feminist interpretations of Ludwig Wittgenstein. Pennsylvania: Pennsylvania State University Press, 2002. p. 119-137.
FIGUEIREDO, N.; SMITH, P. Introdução. In: FIGUEIREDO, N.; SMITH, P. (Orgs.). Epistemologia dos eixos: interpretações e debates sobre as (in)certezas de Wittgenstein. Porto Alegre: Fundação Fênix, 2022. p. 15-26.
LOBO, C. Speaking silences: A Wittgensteinian inquiry into Hermeneutical Injustice. Nordic Wittgenstein Review, n. esp., 2022, p. 50-74.
MOTA, H. Em que medida seria Wittgenstein um fundacionista? 2021. 127 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) –, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2021.
MOYAL-SHARROCK, D. A certeza fulcral de Wittgenstein. Dissertatio, Pelotas, v. 1, n. supl. 1, 2015, p. 3-30.
MOYAL-SHARROCK, D. Understanding Wittgenstein’s On certainty. New York: Palgrave-Macmillan, 2024.
PENNYCOOK, P. Pensar a pura vida: dialética como crítica gramatical. Revista Estudos Hegelianos, v. 21, n. 38, 2024, p. 110-139.
PRAXEDES, F.; SILVA, M. Gaslighting como violência gramatical: uma leitura baseada na epistemologia wittgensteiniana. Prometeus, São Cristóvão, v. 17, 2025, p. 187-218.
PRECIADO, P. B. Countersexual manifesto. Columbia: Columbia University Press, 2018.
PRECIADO, P. B. Testo junkie: Sex, drugs, and biopolitics in the pharmacopornographic era. New York: The Feminist Press at CUNY, 2013.
SANTANA, J.; SILVA, M. Sobre democracia racial, violência gramatical e certezas fulcrais: como um mito se torna regra no imaginário brasileiro. Ethic@, Florianópolis, v. 24, 2025, p. 1-32.
SILVA, M. Contra o dogmatismo realista: notas sobre acordos e jogos. Trans/form/ação, Marília, v. 44, 2021b, p. 287-312.
SILVA, M. Desacordos profundos e revisão da lógica: uma leitura neo-pragmática. In: SOUZA, M. J. A.; LIMA FILHO, M. M. (Orgs.). Linguagem e cognição. Cachoeirinha: Editora Fi, 2020. p. 79-99.
SILVA, M. Persuasion over convincement: On the role of conversion in logical conflicts between realists and anti-realists. In: MORENO, A. (Org). Wittgenstein e seus aspectos. Campinas: Editora Unicamp, 2015. p. 143-166.
SILVA, M. Satz als Bild und Satz als Maßstab: Sobre o desenvolvimento normativo de uma metáfora. Analytica, Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, 2021, p. 84-102.
STROLL, A. Moore and Wittgenstein on certainty. Oxford: Oxford University Press, 1994.
XAVIER, P.; SILVA, M. Contra a inefabilidade das hinge proposition: uma leitura neopragmatista. Ideação, Feira de Santana, v. 47, n. 1, 2023, p. 104-121.
WITTGENSTEIN, L. Da certeza. São Paulo: Fósforo, 2023.
WITTGENSTEIN, L. Investigações filosóficas. São Paulo: Fósforo, 2022.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Pedro Pennycook, Juliany, Marcos Silva

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los autores que publican en esta revista aceptan los siguientes términos:
- Los autores mantienen los DERECHOS AUTORALES otorgados a la revista O el Derecho de Primera Publicación, con el trabajo licenciado simultáneamente a Creative Commons License Attribution (CC BY) que permite compartir el trabajo con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
- Los autores pueden aceptar contratos, distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicado en esta revista (por ejemplo: publicación en el repositorio institucional o como capítulo del libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
- Se permite a los autores publicar y distribuir su trabajo on-line (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) durante el proceso editorial de información de que el artículo está en proceso de publicación. Esto puede aumentar el impacto y cita de trabajos publicados.

SOBRE COPYRIGHT Y POLÍTICA DE ACCESO LIBRE
La revista utiliza la atribución CC BY





._._3.png)
._._._.png)