O insuportável do dispositivo de sexualidade em Foucault: a resistência reversa de mulheres assassinas
DOI:
https://doi.org/10.36517/arf.v17i1.95435Palavras-chave:
Resistência reversa. Dispositivo de sexualidade. Mulher. Assassinato bárbaro.Resumo
Este artigo pretende, em linhas gerais, abordar o caráter insuportável do dispositivo de sexualidade tratado por Michel Foucault, principalmente, no que se refere à saturação dos corpos das mulheres. Com esse objetivo, analisaremos os traços desse dispositivo nas vidas de Henriette Cornier, uma jovem que no ano de 1825, em Paris, decapitou uma criança de dezenove meses sem dar nenhuma razão, e Elize Matsunaga, mulher que em 2012, em São Paulo, atirou no marido e depois o esquartejou. Apesar dos quase duzentos anos entre um crime e outro, tais casos indicam a incidência de uma implantação perversa de discursos que continuam rotulando a existência de muitas mulheres a partir de seus modos de vida. Indica-se daí o empreendimento de um jogo de verdade ainda articulado por uma lógica patriarcal. Um jogo de verdade que continua a sentenciar mulheres dentro e fora dos tribunais, saturando seus corpos até a irrupção inevitável de formas reversas de resistência.
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