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DOI:
https://doi.org/10.36517/psg.v16i1.95826Palabras clave:
Luto; Imagem; Política; Cândido Portinari; Pintura social.Resumen
Este artigo analisa a obra Criança Morta (1944), de Cândido Portinari, a partir das contribuições de Freud, Judith Butler, Jacques Rancière e Georges Didi-Huberman, com o objetivo de compreender o luto como operação estética e política. Parte-se da hipótese de que a imagem não representa apenas uma perda individual, mas inscreve, no campo sensível, corpos historicamente marginalizados, produzindo um dissenso visual que resiste ao apagamento. A pintura é lida como dispositivo de memória que, ao recusar o consolo ou a mediação simbólica, ativa uma ética do olhar fundada na permanência da dor. Ao articular psicanálise, filosofia política e teoria da imagem, argumenta-se que o luto — especialmente aquele recusado pelo Estado e pelas instituições — pode operar como gesto de resistência contra as hierarquias que determinam quais vidas merecem ser enlutadas. A imagem de Portinari não estetiza a dor, mas a denuncia como efeito de uma política de exclusão e morte. Ao tensionar os limites do visível, Criança Morta instaura uma ruptura perceptiva e propõe uma política da imagem em que o luto não se encerra: sobrevive como ruído, como espectro e como insistência ética.
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