Transgressões na experiência da maternidade em Com Armas Sonolentas

uma linhagem matrilinear marcada pelo trauma e pela alienação

Autores

  • Erica Schlude Wels Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo

O presente artigo parte da análise da obra Com Armas Sonolentas: um Romance de Formação (2018), de Carola Saavedra. O fio condutor do romance é a experiência traumática da maternidade, em quadros aparentemente independentes, mas que compõem uma única história de três mulheres: a linhagem matrilinear fundada no estranhamento e na renúncia em relação ao filho gerado acidentalmente. Por parte da genitora, tanto as relações amorosas que desembocam na gestação, quanto o período anterior ao nascimento da criança, são marcadas por uma profunda alienação e desejos de recusa à entrega afetiva. Com o intuito de fundamentarmos nossa leitura, apoiaremo-nos num breve recorte teórico sobre a maternidade, entendida como construção histórica, política, discursiva, ideológica e psicanalítica, além de constituir um dispositivo veiculador de poder. Nesse sentido, podemos afirmar que a visão da maternidade transmitida no romance é transgressora, contribuindo para reordenamento de estereótipos e (pré) conceitos atrelados à maternagem, evento carregado de exigências do amor materno incondicional; as narrativas de Saavedra configuram um Bildungsroman que problematiza profundamente a visão essencialista e biologizante do corpo feminino, tomado na sua função procriadora e acolhedora.

Biografia do Autor

Erica Schlude Wels, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora associada de língua e literatura alemã, Departamento de Letras Anglo-Germânicas, Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutorado em Letras (Letras Vernáculas) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ.

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Publicado

2021-04-30